Pedro Ladeira
ARQUIVO CHEIO
A primeira-dama, Flavia, em visita ao marido na PF: pasta com cartas ameaçadoras
Desde que se desfiliou do DEM para não ser expulso, em dezembro, e de sua prisão, há pouco mais de um mês, o governador afastado do Distrito Federal, José Roberto Arruda, tem mandado recados ameaçadores à cúpula de seu antigo partido. O último deles seria a existência de uma carta, com doze laudas, redigida dentro da cela com revelações comprometedoras sobre os principais dirigentes e líderes democratas. A história, negada pelos advogados do governador, pode ser um blefe ou um simples delírio de quem se encontra em uma situação constrangedora. Mas há um detalhe que tem deixado alguns dirigentes do DEM em alerta: a carta existe e foi entregue por Arruda a sua mulher, Flávia. Agentes da Polícia Federal que vigiam o governador ouviram-no inclusive dizer à esposa que guardasse bem o documento, que tem revelações capazes de "acabar com o DEM nacional". Não se sabe exatamente o que isso significa, mas a PF está muito interessada em descobrir. Os investigadores têm indícios fortes de que a coleta de dinheiro público em Brasília tinha conexões em estados como São Paulo e Rio de Janeiro. "O DEM tem preocupação zero com isso. Todas as doações que recebemos foram oficiais", diz Rodrigo Maia, presidente da sigla.
Esse é apenas mais um ingrediente da confusão política que corrói Brasília desde que se descobriu que a cidade era comandada por uma quadrilha de políticos e empresários. É também mais um capítulo da crise que pode levar o Supremo Tribunal Federal (STF) a decretar intervenção no Distrito Federal - o que parece inevitável. A situação é tão preocupante que o governo federal destacou um grupo de ministros para tentar encontrar uma alternativa. A operação contou com pesos-pesados como os titulares da Defesa, Nelson Jobim, e da Justiça, Luiz Paulo Barreto. A ideia era convencer o governador em exercício, Wilson Lima, e todos os 24 deputados distritais a convocar uma eleição indireta para escolher o sucessor de Arruda, que ficaria no cargo até o fim do ano. A parte delicada do acordo: nenhum deles participaria da disputa. Tinha tudo para dar errado - e deu. Como ninguém topou abrir mão dos próprios interesses, o Planalto está em busca de um interventor. O ex-ministro do STF Sepúlveda Pertence já disse que não quer. O mais cotado, agora, é o ex-procurador- geral da República Cláudio Fonteles, homem, por sinal, habituado a combater o crime organizado.
O ex-procurador Cláudio Fonteles é um dos cotados para a função
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