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segunda-feira, 31 de março de 2014

“O Brasil não está vulnerável”

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“O Brasil não está vulnerável”
O Nobel Paul Krugman discorda do relatório do Banco Central dos EUA e vê solidez nos dados da economia do País
por Eduardo Graça — publicado 18/03/2014 04:48
Julio Cesar Aguilar / AFP
Descrição: Paul Krugman
Paul Krugman ministra uma conferência em universidade do México, em 13 de março

O Brasil de hoje não é um caso típico de país vulnerável a ataques especulativos.” Quem afirma é Paul Krugman, Prêmio Nobel de 2008, colunista de CartaCapital e um dos mais brilhantes economistas em atividade. Na terça-feira 18, Krugman fará a abertura, em São Paulo, do Fórum Brasil, evento organizado por esta revista com o objetivo de discutir temas cruciais sobre o futuro do País, da Justiça à infraestrutura. Da capital paulista, o professor de Princeton segue por um tour pela América do Sul. Além de refutar o relatório do Fed, o banco central norte-americano, que incluiu o Brasil entre as economias mais frágeis entre os emergentes, Krugman elogia a reforma do sistema de saúde promovido pelo governo Barack Obama e enxerga um cenário “menos catastrófico” na Europa, à exceção de Portugal. “Quando olho para Lisboa, vejo as marcas de um longo processo de ruína fiscal.”

CartaCapital: O anunciado estouro da bolha dos países emergentes, Brasil incluído, faz sentido?
Paul Krugman: O caso do Brasil é particularíssimo. O país da era Lula emergiu muito mais forte do que se poderia imaginar. Mas o fluxo de dinheiro desde então foi intenso demais, o real passou por um processo de supervalorização e agora temos uma onda, não exatamente de fuga de capitais, mas de diminuição significativa da entrada de recursos. Mas esta é, em geral, a natureza do investimento maciço em mercados emergentes: busca-se um retorno rápido do investimento, até ocorrer uma queda de confiança, pelas mais variadas e subjetivas razões. Mas esta não é uma crise como aquelas que assolaram os mercados emergentes nas últimas décadas.
CC: Não se corre o risco de uma repetição de 1998 ou mesmo 2002 no Brasil?
PK: Não, de forma alguma. Não vejo o Brasil de 2014 em meio a um cenário desastroso. No fim dos anos 1990, vivemos o que acreditávamos ser uma crise financeira global. O que, convenhamos, depois de atravessarmos 2008, parece café-pequeno. Mas é importante lembrar que, mesmo quando o Brasil se tornou o próximo alvo da crise e viveu a inevitável desvalorização do real, muitos colegas meus tinham certeza absoluta de que estavam diante de mais uma catástrofe econômica, que não aconteceu. O Brasil passou por um momento difícil, mas provou não ser vulnerável como se imaginava. E, uma década e meia depois, o País é ainda menos vulnerável. Não há um déficit gigantesco em moeda estrangeira, a situação fiscal é aceitável e a inflação não é significativamente alta. O Brasil de hoje não é, definitivamente, um caso típico de país vulnerável a ataques especulativos.
CC: Turquia, Indonésia, Índia, África do Sul e Brasil seriam, segundo o Fed, os países emergentes mais vulneráveis à retirada dos estímulos à economia americana. É um equívoco?
PK: Insisto que não há, neste momento, assim como nos anos 1990, altos níveis de endividamento do Brasil em moeda estrangeira. Também não há endividamento significativo do setor privado. O Brasil, que mostrou solidez mesmo durante a fuga de capitais de 1999, não deveria ser, neste momento, de forma alguma, classificado como uma economia vulnerável. É preciso levar em conta, obviamente, o fato de o País ter tido a maior valorização de moeda durante o período da crise financeira global. Mas isso é apenas uma prova de que a economia brasileira tem capacidade de navegar nos altos e baixos das flutuações monetárias, com eventuais solavancos. Simplesmente, não consigo concordar com a análise do Fed. Talvez a Turquia seja, dessa lista, a mais próxima do cenário daquela época, mas não há grau de comparação com o Brasil.
CC: O senhor já afirmou que considera uma bobagem o termo BRIC, sigla que denomina o bloco composto por Brasil, China, Russia e Índia.
PK: BRIC é, para mim, a pior sigla de todo o alfabeto financeiro. O que há em comum entre uma democracia estável como o Brasil, exportadora de matéria-prima, e, de forma menos global, de produtos manufaturados, um estado corrupto como a Rússia, baseado na exportação de energia, e dois universos singulares, únicos, China e Índia? Apenas o fato de serem países continentais. É absolutamente insano do ponto de vista intelectual acreditar que eles podem ser incluídos em um mesmo escaninho. O Brasil sofre duplamente por conta deste tipo de pensamento reducionista. Há uma ideia, errônea, de que o Brasil é apenas mais uma economia latino-americana.
CC: Seus colegas Dani Rodrick e Arvind Subramanian escreveram artigo sobre a “narrativa de vitimização” de governos de mercados emergentes, incluído o Brasil, apressados em culpar a política monetária dos Estados Unidos como principal responsável pelas dificuldades enfrentadas. O senhor concorda?
PK: Foram os senhores mesmos, brasileiros, que criaram este termo “guerra cambial”. E, francamente, isso é uma bobagem. Não foi a injeção de estímulo na economia que originou o fluxo de capitais para o Brasil, e sim a depressão econômica nas grandes economias do Norte. Mesmo se o Fed acreditasse que a estabilização de economias emergentes era uma de suas tarefas, a mera sugestão de que ele fosse apertar os cintos, naquele momento, vá lá, para prevenir uma exuberância momentânea no Brasil, é, no mínimo, algo muito distante do razoável. Com o aumento progressivo de postos de trabalho e uma diminuição do índice de desemprego, o sentido das injeções do Fed se desfaz no ar.  Há um consenso quanto a isso. É algo absolutamente previsível, não há qualquer surpresa. O que acontece é que os juros estupidamente baixos nos EUA só fazem sentido se você acreditar na necessidade de uma estagnação perpétua, ou em uma depressão longuíssima.
CC: Como o senhor avalia a condução da economia brasileira durante o governo Dilma?
PK: Eu me preocupo mais com o que Brasília não deveria fazer neste momento. Por exemplo, não deveria reagir com mão muito pesada à desvalorização do real. Quando se pensa em termos monetários, há dois tipos de países. Um deles é a Grã-Bretanha de 1992. Se a moeda se desvaloriza, há aumento imediato de competição e expansão econômica. Outro é a Argentina de 2001, que, muito por conta do tamanho da dívida em moeda estrangeira, vê a desvalorização afetar de forma intensa o setor privado e a economia se contrai. O Brasil de hoje é mais próximo da Grã-Bretanha de 1992. Brasília deve se preocupar um pouco com a possibilidade de crescimento da inflação, mas o maior perigo é o Banco Central apertar demais os cintos em um esforço para proteger o real. No mais, a verdade é que os investidores não têm mais o mesmo entusiasmo de antes em relação ao Brasil. Assim são as marés do mercado.
CC: A diminuição do ritmo de crescimento chinês acende o sinal amarelo para a economia brasileira?
PK: Sim. Neste ano o Brasil sofreu com uma safra de café muito aquém do esperado, apenas parcialmente compensada pelo aumento do preço do produto. Haverá um inevitável choque de comércio com a desaceleração da China e a diminuição do valor das matérias-primas. Até pouco tempo atrás a onda de comércio era favorável ao Brasil, e nos próximos anos muito provavelmente não o será.
CC: Qual a sua opinião sobre a ênfase dada por Brasília ao comércio Sul-Sul e no Mercosul e à decisão de não seguir adiante com a Área de Livre Comércio das Américas?
PK: As duas maiores economias da América Latina partiram para caminhos bem diversos, com o México no Nafta e o Brasil no comando do Mercosul. Há uma questão geográfica, tão óbvia quanto determinante, que diminui o real poder de decisão política. O México transformou-se intensamente, não é mais um mero exportador de petróleo, integrou-se de forma decisiva ao sistema de produção americano. Mas o Nafta é apenas uma peça de um quebra-cabeça que inclui uma fronteira extensa e milhares de trabalhadores mexicanos nos Estados Unidos. O Brasil jamais será mais integrado ao sistema americano do que ao da comunidade europeia, por exemplo. Não havia uma oportunidade real para o Brasil neste caso. E a utopia da Alca, se alcançada, jamais se traduziria em um Nafta expandido. O Nafta é mais do que uma iniciativa de comércio sem taxações específicas, é um investimento geopolítico de interdependência entre países fronteiriços.
CC: O senhor afirmou que os dois primeiros anos da administração Obama fizeram dele o mais importante presidente dos Estados Unidos desde Ronald Reagan.
PK: Reagan foi um presidente importantíssimo, e não sou um fã do que resultou, política e economicamente, de seus oito anos de mandato, mas a dimensão do que foi feito naquele período é inegável. Obama realizou algo extremamente grandioso, a reforma da saúde pública, e um bocado de outras mudanças importantes. Não havia, até o Obamacare, a garantia de atendimento médico à população. O mecanismo criado por Washington é inábil e confuso, mas, politicamente, a opção de um sistema amplo de saúde inexistia. Conseguimos uma reforma que cobrirá, eventualmente, até 95% da população. Foi finalmente estabelecido o princípio de que a saúde dos cidadãos é um direito garantido pelo governo, ideal pelo qual a esquerda lutou nos últimos 70 anos. Quando Obama deixar o governo, essa conquista será politicamente irreversível.
CC: O senhor tem criticado a tentativa da direita de apresentar o Obamacare como um assalto ao bolso dos cidadãos comuns. O programa é um novo imposto e um mecanismo de transferência de renda?
PK: Sim, o Obamacare é tudo isso. Mas a oposição ao programa vai além de qualquer lógica relacionada às suas consequências econômicas. Quase todos os estados comandados por republicanos recusaram, durante o processo de implementação do novo plano, o auxílio federal na expansão do Medicaid, o programa de saúde pública voltado para os mais pobres, que nada mais seria do que dinheiro limpo vindo de Washington. São governadores prejudicando sua economia, seu orçamento, apenas com o objetivo de negar o acesso à saúde aos cidadãos menos ricos, uma questão puramente ideológica.
CC: O senhor acredita que Obama será um ator político importante em sua sucessão?
PK: Não. Hoje o campo de candidatos viáveis no Partido Democrata tem um único nome: Hillary Clinton. Se ela quiser se candidatar, não há disputa. Obama não é um presidente popular, não é amado por seus correligionários. Eles idolatram Bill Clinton, curiosamente, muito mais hoje do que quando ele era presidente.
CC: A estratégia democrata para novembro passa pela defesa do aumento do salário mínimo, uma bandeira da esquerda desde 2008. A elevação conduzirá à redução de postos de trabalho, como argumenta a oposição?
PK: Ainda que se acredite nos números oferecidos pelo Congressional Budget Office, agência federal do poder legislativo americano, e há enorme margem para interpretação, não é plausível o cenário de desastre econômico pintado pelos republicanos. Enquanto os democratas queriam explicar macroeconomia para o povo, os republicanos ofereceram lógica muito mais simplória, de compreensão imediata: se aperto os cintos, o governo deveria fazer o mesmo. E não é bem assim. A única exceção é justamente no caso do salário mínimo. Todas as pesquisas mostram que o raciocínio da maioria, aqui, é o de que quem trabalha duro deve receber um pouco mais. Não acho que a pregação republicana de que o aumento significará corte de postos de trabalho, uma premissa falsa, será comprada pelos eleitores. Aqui, pela primeira vez em muitos anos, os democratas encontraram uma narrativa apoiada pela maioria absoluta dos americanos.
CC: Como o senhor avalia a maneira do governo Obama de lidar com a crise financeira global?
PK: A economia seguiu em depressão, o índice de desemprego seguiu alto, a recuperação econômica foi menos forte. Quem sabe em uma década a percepção pública mude, mas o índice de desemprego hoje segue muito maior do que o prometido pela Casa Branca, o que, para muita gente séria, significa, simplesmente, que o estímulo fracassou.
CC: Algo muda no Fed com a saída de Ben Bernanke e a entrada de Janet Yellen?
PK: Não creio. É mais do mesmo. Talvez Yellen seja menos agressiva. Bernanke, no trato pessoal, é muito mais moderado do que permite supor a sua faceta pública. Ele precisou se mostrar mais duro no comando do Fed para conquistar certo consenso no mercado. E a verdade é que uma mudança significativa na direção do Fed só se justificaria se o cenário fosse muito mais negativo, mas não é o caso. Não vejo espaço para uma mudança no ideal inflacionário ou para uma meta de crescimento maior do PIB. O que veremos é continuidade.
CC: O senhor tem sido um crítico constante das políticas de austeridade fiscal. Como vê a situação da Comunidade Europeia neste momento?
PK: As políticas de austeridade fiscal alimentaram a depressão econômica. Mas, apesar delas, tivemos duas surpresas favoráveis: a coesão política dos países da Comunidade Europeia e a ação decisiva do Banco Central Europeu. O comprometimento dos países de permanecer na Zona do Euro foi muito mais forte do que eu previ, com manutenção das regras do jogo mesmo com índices de desemprego devastadores de dois dígitos, como os da Espanha. E boa parte dos problemas de liquidez foi reduzida nos últimos dois anos. Portugal ainda vive o pior dos mundos, mas Espanha e Itália já respiram. Os paí-
ses mediterrâneos, lentamente, voltam a se tornar mais competitivos. Até mesmo a Grécia começa a se recuperar, a se reinventar como um polo econômico turístico a preços promocionais. É um tanto quanto deprimente, mas o recomeço se dará com pacotes turísticos às Ilhas Gregas a preços módicos para estrangeiros.
CC: O senhor está, então, otimista?
PK: Bem, no sentido, novamente, de que o quadro poderia ser muito pior. Hoje, comemora-se a possibilidade de um crescimento de 1,2% do PIB na Zona do Euro, o que é ridículo. Se considerarmos março de 2014, desde 2007 o crescimento econômico da Europa é menor do que o de 1929 a 1936, no auge da Grande Depressão. E o custo humano da atual crise europeia foi imenso. Mas poderia ter sido muito, muito pior. Quem ainda me assusta é Portugal. A partida de jovens trabalhadores para fora do país, para o Brasil inclusive, é ainda mais significativa do que a de décadas atrás. Hoje, quando olho para Lisboa, vejo as marcas de um longo processo de ruína fiscal, me lembra muito a região montanhosa dos Apalaches aqui nos Estados Unidos. Portugal é atualmente a tradução mais exata da armadilha do euro e, no entanto, não vejo um grande movimento de abandono luso da federação europeia. Não vejo no futuro uma sequência de secessões na Comunidade Europeia. Mas não é improvável um cenário de uma Europa Ocidental com baixo crescimento econômico por décadas a fio.

A verdade sobre o Bolsa Família

Márcio Leal
Para Márcio Leal
18 de Mar
Para quem sai por aí chamando os beneficiários do Bolsa Família de vagabundos, sugiro veementemente a leitura do texto de Padre Djacy, de Pedra Branca, no sertão paraibano. Ponham o pé no chão e saiba porque o Bolsa Família é tão importante para milhões de brasileiros!! 
"Quem chama a gente de preguiçoso e vagabundo é porque nunca sofreu, nunca passou fome, nunca passou necessidade. É gente que vive nadando em dinheiro, em comida, em luxo."
Leia tudo aqui
http://www.pedrabrancanews.com/2014/03/por-padre-djacy-brasileiro-tristeza-e.html
 
ou aqui embaixo!!!
 
Por Padre Djacy Brasileiro: “TRISTEZA E REVOLTA DE QUEM RECEBE A BOLSA FAMÍLIA”
Publicado segunda-feira, 17 de março de 2014 | Publicado por: Pedra Branca News
Como cidadão e cristão, imbuído da missão de caminhar com o povo de Deus, neste longínquo sertão paraibano, sinto-me na missão profética de defender, incondicionalmente, meus irmãos sofridos que, pelo fato de fazerem parte do programa social do governo federal, o bolsa família, são vítimas dos piores adjetivos e ataques injustos, desumanos e preconceituosos.

Toda semana visito as famílias da cidade e da zona rural. Ouço, com o coração de pastor, seus apelos, seus clamores. Elas falam de sua vida, suas dificuldades, seus aperreios, mas também de esperança, de sonhos...

Nas conversas com os sertanejos, percebo que os mesmos estão revoltados, tristes, com os ataques verbais que lhes são direcionados. São adjetivos agressivos, grosseiros, que ferem a alma do homem da mulher sertaneja. Tudo por causa do programa federal supracitado.

Vou consignar tudo o que tenho ouvido das famílias inscritas no programa do bolsa família. São palavras sérias, carregadas de verdade, emoção, indignação e tristeza.

-Padre Djacy, tem gente que diz que a gente que recebe o bolsa família e vagabundo. Isso é uma mentira, a gente fica revoltada com isso.

-A gente não é vagabundo nem malandra, a gente é honesto, trabalhador.

-O povo pensa que nós vivemos de malandragem por causa dessa bolsa família. Esse povo não sabe o que é sofrimento, nunca vem ver de perto nossa situação.

-O bolsa família, seu padre, é a nossa sorte. Se não fosse esse dinheiro, a gente já estaria era morto.

-Vou lhe dizer uma verdade, Padre, se não fosse o bolsa família, o povo já teria saqueado mercados, escolas, creches, feiras e tudo mais. Graças a Deus, com esse dinheiro do bolsa família, não foi preciso.

-Pode ser pouco, como de fato é, mais ajuda demais a gente. Graças a Deus.
-Eu agradeço a Deus e a quem enviou para nós esse programa chamado bolsa família. É a nossa sorte. Graças a Deus.

-É triste para o homem trabalhador e sério do sertão, ser chamado de vagabundo, preguiçoso por receber o bolsa família. É muito triste mesmo.

-Tem gente que nos chama de vagabundo, preguiçoso, porque recebemos o bolsa família, mas ninguém que nos chama assim tem coragem de nos ajudar.

-Anote aí, seu Padre: nós do sertão estamos sendo humilhados e maltratados quando chamam a gente disso e daquilo. A gente trabalha, batalha para manter a família.

-Quem chama a gente de preguiçoso e vagabundo é porque nunca sofreu, nunca passou fome, nunca passou necessidade. É gente que vive nadando em dinheiro, em comida, em luxo.

-Na seca de 2012, uma grande seca, a nossa felicidade foi o bolsa família. Se não fosse a gente não estaria nem viva pra contar a história.

-Esse povo importante, rico, sei lá o que for, nunca veio a nossa casa para ver o nosso sofrimento, as nossas necessidades. Esse povo que mete o pau na gente, não ajuda em nada, nunca vem, sequer, com uma feirinha.

-Só quem é pobre, passa necessidade, sabe a importância do bolsa família.
-Chamar os trabalhadores da roça de vagabundo é uma vergonha, uma tristeza. Eu me sinto humilhado, injustiçado. Eu fico muito triste com isso.

-Eles dizem que o bolsa família é bolsa vadiagem, bolsa malandragem. Isso é uma mentira. O dinheiro que a gente recebe é para nossos filhos. A gente não aceita essas mentiras deslavadas.

-Tem gente que chama quem recebe o dinheiro de bolsa família de preguiçoso, mas quando é tempo de eleição, vem bater na nossa porta atrás de nosso voto.

-Quem vive de bucho cheio não sabe o que sofrimento e não pensa nos pobres. Por isso vive dizendo que a gente que recebe o dinheiro do bolsa família é isso ,é aquilo. Essa gente não tem coração, essa gente só pensa nela mesma.

-Quando não tinha bolsa família, em tempo de seca, morria muito gente de fome. Neste ano de 2012, não morreu ninguém por conta do bolsa família. Este ano foi diferente dos outros anos.

-Quem chama a gente de viciado em dinheiro do bolsa família, não ajuda em nada. Na seca, não apareceu ninguém com uma feira. Agora criticar, sabe.
-Na seca de 2012, a nossa sorte foi esse dinheiro do bolsa família. A nossa sorte. Ninguém morreu de fome não.

-Olha Padre, a gente recebe o bolsa família e nossos filhos estão na escola. Nenhum perde aula. Graças a Deus.

-Muitos chamam a gente de vadio, preguiçoso, sei lá mais, mas não ajuda em nada. Gasta um dinheirão danado com o cachorro de estimação, mas não é capaz de ajudar uma criança pobre.

Como sertanejo e pastor, não admito que meus irmãos sertanejos, fortes, valentes, determinados, guerreiros, sejam tratados maldosamente, com os piores adjetivos, pelo fato de ser beneficiados pelo o bolsa família. Tratemo-los com muita dignidade.

Pedra Branca-PB, em 17 de março de 2014, Padre Djacy Brasileiro.

quinta-feira, 27 de março de 2014

Na realidade, a Petrobras sempre incomodou os conservadores do país.

Artigo: A Petrobras incomoda - Por Marcelo Zero

Pudera. Nascida da histórica campanha nacionalista “o Petróleo é nosso”, a Petrobras se converteu naquilo que os paleoliberais consideram praticamente uma impossibilidade: uma empresa estatal bem-sucedida e eficiente. Ela é um acabado contraexemplo das teses antiestatais e antidesenvolvimentistas que sustentavam o fracassado paradigma privatizante e liberalizante que ruiu no início deste século.

Assim, a Petrobras é anátema, nos cânones do (paleo)neoliberalismo tupiniquim. Não deveria existir, mas existe. Não deveria fazer sucesso, mas faz. A Petrobras é a maior e mais bem-sucedida empresa do Brasil.
No início, há 60 anos, diziam que o Brasil não tinha petróleo. Convenientes estudos de geólogos estrangeiros asseguravam que não havia jazidas de óleo em território nacional. A Petrobras, portanto, não fazia muito sentido.
Mas ela perseverou e acabou descobrindo, graças a um enorme esforço de pesquisa, jazidas significativas de petróleo e gás em nosso leito marítimo. Primeiro no Nordeste; depois na Bacia de Campos. Tais jazidas, situadas no que hoje se conhece como pós-sal, contribuíram para diminuir bastante a nossa dependência de importações de hidrocarbonetos.
Mesmo assim, as ofensivas contra a grande estatal brasileira continuaram. No governo Collor, o Credit Suisse chegou a apresentar um plano para privatizar a Petrobras. O plano privatizava a companhia por partes. Primeiro, se venderiam as suas subsidiárias, o que, de fato, ocorreu posteriormente. Depois, a holding seria fatiada em unidades de negócio, as quais seriam privatizadas, em seguida.
No entanto, foi no governo FHC, que essas ofensivas se intensificaram e se concretizaram parcialmente.
Com efeito, foi naquele governo que se promulgou a famosa Lei nº 9478/97. Essa norma produziu duas grandes consequências.
Em primeiro lugar, a Petrobrás abriu seu capital social para investidores estrangeiros. Assim, a estatal teve 36% de suas ações vendidas na Bolsa de Nova Iorque. Com isso, a União reduziu a sua participação acionária de cerca de 60% para 32,53% do capital social total. Ressalte-se que essa operação não representou o ingresso de recursos para a Petrobras, mas proporcionou na época o aumento na sua base acionária, principalmente no estrangeiro.
Com tal venda, a Petrobrás teve ainda de cumprir, a partir de 2002, com a lei americana “Sarbanes–Oxley” (SOX), uma norma bastante rigorosa, que obriga as empresas que têm ações em bolsas norte-americanas a submeterem as suas decisões de negócios e informações às autoridades supervisoras do mercado bursátil dos EUA.
Dessa maneira, os presidentes de Petrobrás são obrigados a ir a Nova Iorque para prestar contas das ações da empresa e submeter-se aos duros questionamentos dos acionistas norte-americanos. Lembre-se que muitos desses acionistas são associados às companhias competidoras da Petrobrás.
Em segundo lugar, a Lei nº 9.478/97 introduziu, no Brasil, o modelo de exploração por concessão. Conforme tal modelo, o petróleo e o gás são de propriedade da empresa privada que os explora. O petróleo, nesse caso, só pertence à União enquanto não estiver sendo explorado. Assim que uma empresa começa a explorar uma jazida, pelo modelo de concessão, o petróleo o gás passam a ser de sua propriedade. Com isso, o país perdeu o controle estratégico da produção e comercialização de hidrocarbonetos, pois a empresa concessionária podia fazer o que quiser com a sua jazida. Com isso, o petróleo deixou de ser nosso.
Na realidade, a citada lei já estava preparando o terreno para uma futura privatização da Petrobras. Chegou-se mesmo a se anunciar a mudança de nome da Petrobras para Petrobax, de modo a facilitar a sua internacionalização.
A gestão tucana da empresa também se esmerou, como de hábito, no sucateamento da estatal, de forma a justificar a sua ulterior venda. Em seus oito anos, nenhum concurso público para contratação foi realizado. Ao final da gestão, a empresa tinha reduzido o seu quadro de funcionários à metade. Além disso, os funcionários da empresa passaram os oito anos de FHC sem ter qualquer reajuste salarial, sequer para repor a inflação.
Não bastasse o sucateamento da Petrobras, toda a cadeia do petróleo, que sustentava milhares de empresas nacionais, foi consideravelmente desestruturada, ao longo das gestões neoliberais. No governo Collor houve redução de redução de 30% das tarifas de importação para o setor. No Fernando Henrique, foi criado o Repetro, que implantou um regime aduaneiro especial para os insumos e bens destinados ao setor petrolífero, pelo qual se isentava as empresas estrangeiras de imposto de importação. Assim, muitos fornecedores nacionais tiveram de fechar as portas.
Havia, portanto, um nítido processo de desregulamentação e de desnacionalização que conduzia à privatização da Petrobras. A clara intenção de privatizar só não se concretizou porque, na época, (2001), o governo FHC já estava com sua popularidade no chão e a resistência dos que defendiam a estatal foi muito grande.
Pois bem, os que enfraqueceram e tentaram privatizar a Petrobras são os mesmos que agora usam do caso da compra da refinaria em Pasadena para atacar a empresa e o governo.
Faz sentido, pois foram os governos do PT que reergueram a Petrobras. Com concursos públicos, seu quadro de funcionários foi reconstituído. Foi também reconstituído seu programa de investimentos. Hoje, a Petrobras é a empresa que mais investe em prospecção de petróleo no mundo. Ela também é a empresa do setor petrolífero que mais expertise tem na prospecção em águas profundas e ultraprofundas. Devido a esse esforço em prospecção e pesquisa, a Petrobras é a empresa brasileira que mais gera patentes.
Graças a essa monumental iniciativa, a Petrobras encontrou os megacampos do Pré-Sal, a maior descoberta de petróleo das últimas décadas, que mudou inteiramente o cenário do nosso setor petrolífero.
Na realidade, a situação da Petrobras mudou da água para o vinho, ou da água para óleo. Em 2002, ela valia apenas cerca de R$ 15 bilhões. Hoje, ela vale R$ 184 bilhões, mesmo após a crise mundial ter reduzido fortemente o valor de mercado das empresas petroleiras. Também foi feito um grande esforço para recuperar as indústrias da cadeia do petróleo. Plataformas e embarcações voltaram a ser produzidas no Brasil, o que reergueu a nossa indústria naval, que fora destruída graças à proverbial competência tucana.
Com a recuperação da empresa e com a nova realidade criada pelo Pré-Sal, os governos do PT resolveram criar um novo marco regulatório para o setor, que enterrou o modelo de concessão criado por FHC. Para os campos do Pré-Sal, o que vale agora é o modelo de partilha. Nesse novo modelo, o petróleo continua de propriedade da União, mesmo após a jazida ser eventualmente explorada por uma empresa privada. A empresa apenas recebe uma participação por seus serviços. Por conseguinte, o novo marco regulatório assegurou que o petróleo do Pré-Sal seja realmente nosso. Ademais, a nova norma também determinou que a Petrobras seja a operadora privilegiada dos megacampos. O petróleo, agora abundante, voltou a ser nosso.
É isso que incomoda. E muito. Se antes a Petrobras incomodava, hoje ela incomoda muito mais. As empresas estrangeiras não podem mais se apossar das megajazidas, como podiam na época de FHC. E, para explorá-las, elas têm de se associar à Petrobras.
É por isso que ela é tão atacada. Instaurou-se um verdadeiro vale-tudo para desacreditá-la. Diminuições conjunturais dos valores da empresa, em função da queda dos preços do petróleo e derivados no mercado mundial, são apresentadas como provas irrefutáveis de “má gestão”. Dívidas contraídas para viabilizar a exploração do Pré-Sal são também encaradas como sinais da “ruína financeira” da empresa. O irônico é que a Petrobras não tem quaisquer dificuldades para captar recursos no exterior. Os investidores e bancos estrangeiros têm plena confiança na Petrobras.
Nesse vale-tudo, vale até apresentar uma simples compra malsucedida, a da refinaria de Pasadena, como um grande escândalo nacional, com conotação de negócio escuso.
O único “erro” da Petrobras, nesse caso, foi ter comprado, como várias outras empresas fizeram, uma refinaria numa época em que havia um boom do refino nos EUA, com os preços dos derivados aumentando fortemente e com as margens de lucro disparando, especialmente para o refino de óleo pesado, que era o único tipo de óleo que o Brasil produzia na época. Saliente-se que o preço pago pela Petrobras foi inferior aos preços de mercado, pois a nossa estatal adquiriu a refinaria de Pasadena pagando um preço de U$ 7.200 por barril de refino, sendo que o preço médio das aquisições, no período, foi de US$ 9.234 por barril de refino.
Ante tal quadro, até mesmo a tão criticada cláusula “Marlim”, que assegurava aos sócios belgas uma rentabilidade de 6,9%, não parece tão despropositada, pois a rentabilidade média das refinarias americanas, no período, para o refino de óleo pesado, era de cerca de 14%. Assim, a cláusula Marlim assegurava aos belgas da Astra cerca da metade da rentabilidade média que havia, no período, para o refino de óleo pesado.
Outro “erro” da Petrobras foi não ter previsto a grande crise mundial, a qual seria desencadeada dois anos depois, e a descoberta do Pré-Sal, que mudou totalmente a estratégia de negócios da empresa. Porém, se a Petrobras é culpada desse erro, então todas as empresas do mundo o são, até mesmo as agências de risco, que foram criadas justamente para isso, mas que, às vésperas da crise, davam nota AAA para os papéis podres do mercado de derivativos.
Um deslize real foi, sem dúvida, não ter alertado os membros do Conselho da empresa para os riscos contratuais do negócio, o que levou à aprovação unânime da aquisição, sem todos os questionamentos possíveis. Disso se aproveitou a nossa imprensa marota para tentar jogar o prejuízo do negócio no colo da presidenta.
Também de forma marota, para não dizer outra coisa, a imprensa inflou muito os números de prejuízo. Computou compra de estoques como compra da refinaria, entre outros truques maliciosos. Na realidade, os primeiros 50% da refinaria foram comprados por US$ 196 milhões e os 50% restantes por US$ 296 milhões, o que dá um total de US$ 492 milhões. Se a esse total somarmos os US$ 173 milhões dos custos jurídicos, administrativos e bancários da aquisição chegaremos a um dispêndio de US$ 665 milhões.
Mas a grande “marotice” é falar apenas do “ralo” e não falar da “torneira”. Sim, porque a refinaria não parou de funcionar, a não ser por curto período devido a um incêndio. O ex-presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, estima que a refinaria, supondo uma operação de apenas 75% de sua capacidade, e supondo ainda uma rentabilidade nula, em relação ao barril Brent, tenha faturado cerca de US$ 16 bilhões, entre 2006 e 2012.
Não temos dados sobre a contabilidade específica da refinaria, mas, mesmo supondo uma rentabilidade negativa em 2008 e 2009, auge da crise, é muito provável que o prejuízo com a compra de Pasadena já tenha sido inteiramente amortizado, ou esteja em vias de sê-lo.
Foi por isso, aliás, que a Petrobras montou, em 2010, uma estratégia para aumentar a capacidade de refino da sua unidade em Pasadena, estrategicamente localizada no “canal de Houston”, de 100 mil barris/dia para 200 mil barris/dia.
Esses são os dados verdadeiros sobre o assunto. Mas, como a Petrobras incomoda os conservadores, e o governo do PT mais ainda, não incomoda à oposição e à mídia conservadora atacar a imagem da maior empresa brasileira e, como se diz popularmente, “procurar chifre em cavalo”.
Essa falta de compromisso com o Brasil é o que mais incomoda.
* Marcelo Zero é assessor técnico da Liderança do PT no Senado
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sexta-feira, 14 de março de 2014

Carnês do IPTU de Itaperuna começam a ser entregues pela Prefeitura

Os contribuintes e Itaperuna já começaram a receber o carnê do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) de 2014 que tem vencimento em cota única, em 31 de março e com desconto de 10%. Aproximadamente 42 mil boletos serão entregues.
O secretário de Receita, Marcelo Poyes, informou que os carnês de IPTU, ISS fixo e taxa de localização estão sendo enviados para as residências. Já para os lotes vagos, o boleto para pagamento deverá ser retirado na Prefeitura. A mesma opção de retirada vale também para quem não receber o boleto via correios.
Ele disse também que as entregas deverão ser concluídas até o dia 20 deste mês, caso o carnê não chegue, dentro da data limite, o contribuinte deverá procurar a sede da Prefeitura – Rua Isabel Vieira Martins, 131 – e se dirigir até a Secretaria de Receita.
Quem optar em não pagar em cota única, poderá parcelar em até 10 vezes, dependendo do valor do imposto.

Fonte: Departamento de Comunicação - Prefeitura de Itaperuna

quinta-feira, 13 de março de 2014

Pesquisa do Ibope é devastadora para revistas

8 de Março de 2014 -
Brasil 247 -
 Pesquisa do Ibope é devastadora para revistas
  :
Fator relevante da pesquisa sobre hábitos de consumo de mídia com 18 mil brasileiros, divulgada nesta semana pela Secretaria de Comunicação do governo federal, é o péssimo resultado das revistas; em último lugar na preferência do público, atrás de "outros", elas também são menos confiáveis do que os jornais; com baixa estima, circulação em queda e declínio comercial, como as revistas irão sobreviver?
 247 – A velha pergunta sobre se a mídia impressa irá acabar diante do crescimento da internet tem agora uma resposta atualizada: as revistas estão morrendo aos olhos da multidão.
 Das semanais de informação às ilustradas repletas de fotos, as revistas formam o segmento derrotado pelos números da pesquisa Ibope, divulgada pela Secretaria de Comunicação Social, sobre hábitos de consumo de mídia do público brasileiro.
Entre as preferências sobre meio de comunicação, as revistas ficam num humilhante último lugar, com apenas 0,3% de indicações e, fator vexatório, atrás até mesmo da difusa opção por outras (0,8%). O primeiro lugar no ranking das preferências é a televisão, com 76,4%, mas a grande vitoriosa na pesquisa é a internet. Caçula das mídias sociais, ela já ultrapassou o rádio (7,9%), de acordo com o levantamento, para instalar-se no segundo lugar com 13,1%. Os jornais, de muito, ficaram para trás, hoje com somente 1,5% de indicações como midia preferida do público. Repita-se: um e meio por cento.
Não houve críticas à pesquisa. Os barões da mídia tradicional e familiar preferiram capturar pedaços dela para interpretação em lugar de questionar os resultados. Melhor assim. Afinal, trata-se do mais profundo levantamento realizado sobre o tema. Entre outubro e novembro de 2013, 200 pesquisadores aplicaram 75 perguntas a 18.312 brasileiros em 848 municípios.
Os jornais de 1,5% de preferências destacaram que detêm a liderança em credibilidade. Além disso, 53% dos leitores de jornais afirmaram confiar nas notícias publicadas neles – e aparece aqui mais um ponto negativo para a revistas. É o rádio o veículo que fica em segundo posto em credibilidade, com 50% de indicações de confiança entre seus usuários, contra 49% para o televisão pelos que a assistem. Só então o índice de confiança de leitores do veículo analisado chega às revistas, com 40%.
Entre os meios pesquisados, a revista é o que tem a menor presença no dia-a-dia dos brasileiros. De acordo com os resultados sobre frequência de uso, apenas 1% dos entrevistados leem este meio todos os dias, enquanto 85% afirmam que não costumam ler ou nunca leem revistas impressas. Se considerado o fato de que, em geral, as revistas impressas têm edições semanais, ainda assim a frequência se mantém baixa, pois apenas 7% dos entrevistados afirmam ler revista uma vez por semana ou mais.
A internet e o rádio são meios de comunicação muito presentes na vida das pessoas, ainda que em menor grau: 61% têm o costume de ouvir rádio e 47% têm o hábito de acessar a internet.
Nada menos que 97% dos entrevistados afirmaram ver TV, um hábito que une praticamente todos os brasileiros, com independência de gênero, idade, renda, nível educacional ou localização geográfica.

Já a leitura de jornais e revistas impressos é menos frequente e alcança, respectivamente, 25% e 15% dos entrevistados. Não há mesmo boas notícias para as revistas nesta pesquisa do Ibope – o que ajuda a entender a crise vivida por empresas como a Editora Abril.

O Teatro Homenageando as Mulheres

Um bom programa para o mês de Março





Depois de morto, Gushiken derrota Veja: o caso das falsas contas no exterior

12/03/2014 - Agência Carta Maior

O Judiciário adotou expressão precisa e elegante para descrever o que faz a revista da família Civita: "falácias de doer na retina".



Por Rodrigo Vianna (rodrigovianna.com.br)
 
Roosewelt Pinheiro/Agência Brasil
“A Veja dá a entender que não eram fantasiosas as contas no exterior. E não oferece um único indício digno de confiança. Infere, da identidade dos acusadores e dos interesses em jogo, a verdade do conteúdo do documento. A falácia é de doer na retina" (trecho da sentença que condenou "Veja" no TJ-SP)


Quase oito anos se passaram. A Justiça levou tanto tempo para ser feita, que a vítima dos ataques covardes já não está entre nós. Fundador do PT, bancário de profissão, Luiz Gushiken foi ministro da SECOM na primeira gestão Lula. Por conta disso, teve seu nome incluído entre os denunciados do “mensalão” (e depois retirado do processo, por absoluta falta de provas)…

Mas os ataques de que tratamos aqui são outros. Em maio de 2006, a revista “Veja” publicou uma daquelas “reportagens” lamentáveis, que envergonham o jornalismo. A torpe “reportagem” (acompanhada de texto de certo colunista que preferiu se mudar do Brasil – talvez, por vergonha dos absurdos a que já submeteu os leitores) acusava Gushiken de manter conta bancária secreta no exterior. Segundo a publicação da editora Abril, os ministros Marcio Thomaz Bastos, Antonio Palocci e José Dirceu (além do próprio Lula!) também manteriam contas no exterior.

Qual era a base para acusação tão grave? Papelório reunido por ele mesmo – o banqueiro Daniel Dantas. A “Veja” trabalhou como assessoria de imprensa para Dantas. Da mesma forma como jogou de tabelinha algumas vezes com certo bicheiro goiano. Mas mesmo ataques vis precisam adotar alguma técnica, algum rigor.

No caso das “contas secretas”, não havia provas. Havia apenas o desejo da revista de impedir a reeleição de Lula. O vale-tudo estava estabelecido desde o ano anterior (2005) – com a onda de “denuncismo” invadindo as páginas (e também as telas – vivi isso de perto na TV Globo comandada por Ali Kamel) da velha imprensa.

Pois bem. Gushiken processou a “Veja”. O trabalho jurídico (árduo e competente – afinal, tratava-se de enfrentar a poderosa revista da família Civita) ficou por conta do escritório Manesco, Ramires, Perez, Azevedo Marques Sociedade de Advogados – com sede em São Paulo. Em primeira instância, a revista foi evidentemente derrotada. Mas a Justiça arbitrou uma indenização ridícula: 10 mil reais! Sim, uma revista que (supostamente) vende 1 milhão de exemplares por semana recebe a “punição” de pagar 10 mil reais a um cidadão ofendido de forma irresponsável. Reparem que este blogueiro, por exemplo, que usou uma metáfora humorística para se referir a certo diretor da Globo (afirmando que ele pratica “jornalismo pornográfico”), foi condenado em primeira instância a pagar 50 mil reais a Ali Kamel! E a “Veja” deveria pagar 10 mil… Piada.

Mas sigamos adiante na história de Gushiken. O ex-ministo recorreu ao Tribunal de Justiça de São Paulo. Antes que os desembargadores avaliassem a demanda, Gushiken morreu. Amigos mais próximos dizem que o estado de saúde dele (Gushiken lutava contra um câncer) se agravou por conta dos injustos ataques que sofreu nos últimos 8 anos.

Gushiken morreu, mas a ação seguiu. E os herdeiros agora acabam de colher nova vitória contra “Veja”. O TJ-SP mandou subir a indenização para 100 mil reais, e deu uma lição na revista publicada às margens fétidas da marginal.

O desembargador Antonio Vilenilson, em voto seguido pelos demais desembargadores da Nona Câmara de Direito Privado do TJ-SP (apelação cível número 9176355-91.2009.8.26.0000), afirmou:

“A Veja dá a entender que não eram fantasiosas as contas no exterior. E não oferece um único indício digno de confiança. Infere, da identidade dos acusadores e dos interesses em jogo, a verdade do conteúdo do documento. A falácia é de doer na retina.”
 Quanto aos valores, o TJ-SP sentenciou:
“A ré abusou da liberdade de imprensa e ofendeu a honra do autor. Deve, por isso, indenizá-lo. No que diz com valores, R$ 10.000,00 não condizem com a inescusável imprudência e com o poderio econômico da revista. R$ 100.000,00 (cem mil reais) atendem melhor às circunstâncias concretas.”
 Chama atenção que a Justiça tenha levado 8 anos para julgar em segunda instância (portanto, há recursos possíveis ainda nos tribunais superiores) caso tão simples. O “Mensalão” – com 40 réus na fase inicial – foi julgado antes.

A Justiça é rápida para julgar pobres, pretos, petistas. E eventualmente é rápida também para punir blogueiros que se insurgem contra a velha mídia. Mas a Justiça é lenta para punir ricos, tucanos e empresas de mídia.

De toda forma, trata-se de vitória exemplar obtida por Gushiken – que era chamado pelos amigos mais próximos de “samurai”…

E falando em samurais, há um ditado oriental que diz mais ou menos o seguinte : submetido ao ataque de forças poderosas, o cidadão simples deve agir como o bambu - sob ventania intensa pode até se inclinar, mas jamais se quebra.

O “samurai” ganhou a batalha. Inclinou-se, ficou perto de quebrar-se. Mas está de pé novamente. E é de se perguntar, depois da sentença proferida: quem está morto mesmo? Gushiken ou o “jornalismo” apodrecido da revista ”Veja”?

Nunca antes na história desse país, o Judiciário adotou expressão tão precisa e elegante para descrever fenômeno tão abjeto: a revista da família Civita produz “falácias de doer na retina”. E não são poucas.

domingo, 2 de março de 2014

Barbosa ofende colegas e a democracia -

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Em: CRÔNICAS DO MOTTA
 
28/02/2014 -
 
 Barbosa ofende colegas e a democracia
 
Graças aos desabafos de alguns de seus ministros, notadamente do presidente Joaquim Barbosa, inconformados com o resultado do julgamento que absolveu José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares do crime de formação de quadrilha, ficou escancarado o caráter estritamente político de todo o processo da AP 470, o "Mentirão".

 O destempero de Barbosa é típico daqueles que se veem numa situação limite - no seu caso, a iminência de ver todo o seu esforço para criminalizar o Partido dos Trabalhadores, por meio da condenação de alguns de seus líderes, ir por terra.
Se não fosse assim, certamente o presidente do STF mediria as suas palavras e não teria ofendido, numa só fornada, seus colegas de tribunal, a própria presidente da República - e, por consequência, a democracia que ele tem por dever preservar.

O que Barbosa disse hoje a jornalistas, num intervalo da sessão, é estarrecedor.

 Ele conseguiu a façanha de, ao mesmo tempo, expor a sua egolatria, sua intolerância, sua falta de educação e civilidade e, pior de tudo, seu imenso desprezo pelas regras democráticas.
"Sinto-me autorizado a alertar a nação brasileira de que este é apenas primeiro passo. Esta maioria de circunstância tem todo tempo a seu favor para continuar nessa sua sanha reformadora", disse. "Essa maioria de circunstância foi formada sob medida para lançar por terra todo um trabalho primoroso, levado a cabo por esta corte no segundo semestre de 2012", disse.
“Esta é uma tarde triste para o Supremo Tribunal Federal, porque, com argumentos pífios, foi reformada, foi jogada por terra, extirpada do mundo jurídico, uma decisão plenária sólida, extremamente bem fundamentada, que foi aquela tomada por este plenário no segundo semestre de 2012”, afirmou.
A sua espantosa declaração segue o tom daqueles que se julgam acima do bem e do mal, acima de seus semelhantes, daqueles que pensam ser possuidores do dom da infalibilidade, daqueles predestinados a conduzir os medíocres pela senda que os levará à salvação.
A história é pródiga em apontar tipos desse naipe - e todos, sem exceção, se deram mal, acabaram renegados pelo próprio rebanho que pensavam comandar.

 O fato é que a decisão do STF, apesar de toda a gritaria de Barbosa e outros ministros, serviu para resgatar um mínimo da seriedade da mais alta corte de Justiça do Brasil.

 Agora, é torcer para que essa nefasta figura siga o conselho do ex-presidente Lula e decida arriscar a sua verborragia no campo político.

 Seria interessante vê-lo como candidato a qualquer cargo, debatendo com alguns profissionais da área.

 Seria até didático para o eleitor assistir a esse "campeão" da moral e dos bons costumes às voltas com algumas questões espinhosas, como a compra de um imóvel nos EUA por meio de uma empresa fantasma, viagens de lazer custeadas pelos cofres públicos, reforma de um banheiro em seu apartamento funcional ao custo de R$ 90 mil, também custeados pelos contribuintes, e outras inquirições de caráter mais pessoal.
Gente de caráter muito mais sólido que o dele que se aventurou na política não aguentou dois rounds de luta...