Paulo Roberto é Pedagogo, Sindicalista e Petista.

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Dever cumprido é fruto da ousadia de um velho militante das lutas democráticas e sociais do nosso Brasil, que entende que sem uma interação rápida, ágil, eficiente e livre com o que rola pelo mundo, a democracia é pífia.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

O festival de asneiras em torno dos 88 bilhões de reais da Petrobras

Uma empresa muito falada e pouco entendida
Raras vezes tantas tolices foram
Entre no Twitter e digite Petrobras 88 bilhões, e você encontrará uma enxurrada daquilo que de mais imbecil a mente humana pode conceber. publicadas e compartilhadas em cima de um número malcompreendido.
A cifra de 88 bilhões de reais representaria aquilo que foi desviado por corrupção na Petrobras.
Para quem tem o mínimo de familiaridade com números, é um caso parecido com o do homem de oito metros.
Mas poucos tem, e a Folha, origem dos disparates, não está entre estes raros.
Foi a Folha que deu a “informação”. Ela estaria no balanço divulgado pela Petrobras.
Depois, a Folha corrigiu o erro, mas era tarde demais: a asneira já fora transmitida e incorporada por dezenas, centenas, milhares de analfabetos políticos que incluem suspeitos de sempre como Lobão e Danilo Gentilli.
Os 88 bilhões são um cálculo aproximado de ativos supervalorizados.
Imagine que, em vez da Petrobras, se tratasse da Abril. Suponha que a Veja, o principal ativo da casa, tivesse sido avaliada num balanço em 1 bilhão de reais.
Depois, se verificaria que o valor estava inflado em 50%, digamos. No ano seguinte, o balanço corrigiria o excesso, e a Veja surgiria com o valor de 500 milhões de reais.
É mais ou menos isso.
Dentro dos 88 bilhões, existe uma parcela associada aos desvios. Mas ninguém sabe quanto é.
Na reunião de diretoria que aprovou o balanço, chegou-se a cogitar – ou chutar — uma soma de 4 bilhões em desvios, com base nos 3% de taxa de propina de que falou o ex-diretor Paulo Roberto Costa.
Os 88 bilhões não fizeram a festa apenas de internautas sem noção de grandeza de números.
Numa rápida pesquisa no Twitter, encontrei o link de uma entrevista da CBN com um economista para falar dos “88 bilhões em desvios”.
Mesmo confessando não ter condição de analisar o balanço, ele concedeu uma entrevista de mais de seis minutos.
Pobres ouvintes da CBN. Uma rádio competente jogaria luzes onde há sombras. Mas a CBN cobre áreas cinzentas com ainda mais sombras.
Mas não se pode desprezar a contribuição da Petrobras para a confusão.
Tente entender o que a empresa quis dizer na sentença abaixo, que consta do balanço e é assinada por Graça Foster. Um determinado método foi descartado, e a explicação foi a seguinte:
“O amadurecimento adquirido no desenvolvimento do trabalho tornou evidente que essa metodologia não se apresentou como uma substituta ‘proxy’ adequada para mensuração dos potenciais pagamentos indevidos, pois o ajuste seria composto de diversas parcelas de naturezas diferentes, impossível de serem quantificadas individualmente, quais sejam, mudanças nas variáveis econômicas e financeiras (taxa de câmbio, taxa de desconto, indicadores de risco e custo de capital), mudanças nas projeções de preços e margens dos insumos, mudanças nas projeções de preços, margens e demanda dos produtos comercializados, mudanças nos preços de equipamentos, insumos, salários e outros custos correlatos, bem como deficiências no planejamento do projeto (engenharia e suprimento).”
Proust podia escrever parágrafos intermináveis, pelo talento excepcional em juntar palavras, mas nenhum redator de balanços pode fazer o mesmo.
Frases curtas, simples, fáceis de entender: eis o que um balanço deve conter, para ser compreendido para além dos números.
E então você tem o cruzamento de um jornal que admite o homem de oito metros com um balanço escrito numa linguagem não identificada – parecida, apenas, com o português.
Estava tudo pronto para um festival de asneiras nas redes sociais. Falsos gênios chegaram a fazer contas: com 88 bilhões de reais você compra x Fuscas e coisas do gênero.
Claro que o PSDB não poderia faltar.
Em sua conta no Twitter, o PSDB postou um quadro que dizia que “o prejuízo da Petrobras com corrupção pode chegar a 88 bilhões de reais.”
Neste caso, não é apenas erro. É má fé. É manipulação. É cinismo.
E uma tremenda duma mentira. O presidente do PSDB, Aécio, acaba de gravar um vídeo em que diz que Dilma mente.
Antes de ser julgada, a Petrobras tem que ser compreendida.
O barulho em torno dos 88 bilhões de reais mostra que a Petrobras, embora tão falada, é uma ilustre desconhecida para muitos brasileiros. Por isso, é fácil usá-la com propósitos canalhas por quem quer tudo — menos, efetivamente, contribuir para o bem dela.
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Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo
  

OPERAÇÃO ESCANCARADA - O jogo político por de trás da Operação Lava Jato


Taxa de sucesso que pode chegar a R$ 20 milhões a delator da Lava Jato só reforça convicção de que Sérgio Moro quer condenações a qualquer preço -- literalmente

Poucas notícias sobre a Operação Lava Jato causaram tanta indignação nos meios jurídicos como a revelação de que delator Alberto Yousseff pode voltar para casa com um prêmio de 2% sobre cada centavo que ajudar a localizar em contas secretas no exterior. Isso quer dizer que, se trabalhar direito, Yousseff pode embolsar até R$ 20 milhões, quantia espantosa para um cidadão que, pela letra fria da lei, poderia acumular penas de até 200 anos.
“Agora escancarou”, reage Antonio Claudio Mariz de Oliveira, que defende Eduardo Leite, executivo de uma empreiteira.
“É repulsivo,” afirma Nelio Machado, advogado do acusado Fernando Santana.
Para Claudio José Lagroiva Pereira, professor de Direito Processual Penal na PUC paulista, instituição da qual foi vice-reitor, a decisão envolve uma medida absurda: “como é que o Estado brasileiro vai tirar uma porcentagem de um dinheiro que deve ser devolvido ao povo brasileiro, pois é fruto da corrupção, para entregar a um bandido?”
Num país onde esse tipo de recompensa não é previsto pela legislação — não consta sequer das regras que definem a delação premiada –, o acordo reforça a visão de que o juiz Sérgio Moro está empenhado em obter condenações fortes a qualquer preço — literalmente. A tradição jurídica brasileira admite várias concessões a um acusado capaz de auxiliar no andamento de um processo. Mas são acordos que envolvem redução de pena, suspensão de acusações consideradas pouco consistentes e assim por diante. Nem advogados nem autoridades ligadas ao mundo da Justiça já tinham ouvido falar de um caso semelhante. Para um delegado ouvido pelo 247, e que já participou de várias investigações semelhantes, “pode ser aceitável permitir que um condenando fique de posse de bens que ele pode demonstrar que adquiriu honestamente. E só.”
O curioso é que há uma década o mesmo Sergio Moro acertou com o mesmo Yousseff um acordo de delação premiada, que permitiu ao doleiro safar-se das principais acusações, entregando pouco mais de 60 concorrentes no comercio ilegal divisas — inclusive Toninho da Barcelona, o maior doleiro paulista na época — e cumprir uma pena relativamente leve. Uma das cláusulas dos acordos de delação é óbvio: os beneficiados assumem o compromisso de não retornar às atividades ilegais. Embora não tenha cumprido sua parte do pacto, o que deveria ser um agravante em seu caso, dificultando até um novo acordo acordo de delação, em 2014 Yousseff conseguiu um segundo pacto, tão generoso que lhe permite até cobrar comissão por serviços prestados.
“Estamos no mundo dos caçadores de recompensa,” afirma o professor Claudio Lagroiva, apontando para um crescimento da influência da escola utilitaria da Justiça norte-amerciana no interior do Judiciário brasileiro. Não é uma novidade que caiu do céu, já que, através de acordos bilaterais de cooperação, mantidos pelo Departamento de Estado, muitas idéias jurídicas dos EUA ganharam curso no país em anos recentes, competindo com as escolas europeias que formaram boa parte de nossos juristas.
No debate jurídico, o termo “utilitarismo” ajuda a designar práticas destinadas a obter provas condenatórias de qualquer maneira, ainda que seja possível ferir princípios maiores do Direito. Depois dos escândalos financeiros dos anos 1990, os EUA se tornaram a patria da delação premiada, que permitiu ao chefe de uma quadrilha, que manipulava informações privilegiadas acumular fortunas na Bolsa, salvar o pescoço em troca da delação de sócios e parceiros.
 Para falar num caso extremo: durante o governo George W. Bush, a Casa Branca assinou um decreto que autorizava os interrogatórios por afogamento de prisioneiros de guerra — o utilitarismo era dizer que essa forma de violência não constituía tortura. O decreto foi revogado por Barack Obama mas ainda hoje, em determinados estados, policiais acusados de torturar prisioneiros podem até ser processados e cumprir penas — mas as provas obtidas pela tortura não são anuladas, o que implica numa forma de respaldo.
O emprego das prolongadas prisões preventivas por parte de Sérgio Moro não é definida como tortura — é uma medida prevista em lei e os prisioneiros têm sua integridade física preservada. Mas o regime é de uma dureza peculiar, como descreve o advogado Nelio Machado, num habeas corpus em que pede a soltura de seu cliente, detido, como a maioria, sem provas. O acesso de familiares de cidadãos encarcerados nas celas da Polícia Federal no Paraná, que são simples acusados, é mais restrito até do que nas penitenciárias que guardam condenados com pena transitada em julgado. O contato com advogados é mais restrito. O que se busca é uma prova que guarda uma semelhança essencial com a tortura, mesmo que não seja obtida com choques elétricos — uma confissão involuntária.
O utilitarismo é político, também. Como as investigações da Lava Jato interessam aos adversários do governo Lula-Dilma, fecha-se os olhos a um abuso. Imagine se o mesmo regime fosse empregado para se obter confissões dos envolvidos no esquema do metrô do PSDB paulista. Recorde-se a pronta resposta do Supremo Tribunal Federal quando ocorreram as prisões dos acusados na Operação Satiagraha.
 Para além do necessário debate jurídico, há uma questão política. Quem lê um texto de Sérgio Moro escrito em 2004, “Considerações sobre a Operação Manni Puliti,” constata que a Operação Lava Jato estava pronta antes mesmo de aparecer a primeira denúncia sobre a Petrobras. Moro já falava na necesssidade de “deslegitimar” o sistema político — processo em curso quando parlamentares e ministros são colocados contra a parede por vazamentos cuja origem ninguém assume, cujo conteúdo integral ninguém conhece. Durante uma década a Lava Jato foi uma ideia em busca de uma oportunidade, escrevi neste espaço, em 16 de janeiro. Num país onde os principais meios de comunicação são adversários assumidos do governo federal, não foi difícil obter adesão a suas ações, indispensável para dar sustentação a uma operação dirigida contra o núcleo do sistema representativo e da soberania popular.
No pedido de habeas corpus, Nélio Machado afirma: “impoe-se que o magistrado do Paraná, o quanto antes, se dê por impedido ou se declare suspeito, pelo inesconvível apaixonamento que revela pela causa, que parece ser, em boa verdade, a sua causa, que talvez possa chamá-la de ‘minha, ‘, ‘minha causa,’ou quem sabe ‘minha luta,’tarefa incompatível com a judicatura, que há de ser impessoal.”

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Estrada do Contorno é anunciada durante ‘Encontro com os Prefeitos do Noroeste’

PARE UM SONHO, SÓ PRECISA SAIR DO PAPEL, MAIS UMA VEZ VOLTAMOS A ESSE TEMA  "ESTRADA DO CONTORNO",  NÃO  PODEMOS PERMITIR QUE TAL SONHO VIRE UMA LENDA, JÁ QUE NOS ÚLTIMOS OITO ANOS ESSA OBRA FOI ANUNCIADA NO MÍNIMO UMAS 16 VEZES. ESPERAMOS QUE AGORA SEJA PRA VALER.

EIS A MATÉRIA OFICIAL DA PMI:

ITAPERUNA, RJ - Aconteceu nesta segunda-feira (26), no distrito de Raposo, o “Encontro com os Prefeitos do Noroeste”. Durante o encontro foi anunciado o processo licitatório para contratação de empresa, com o intuito de executar as obras de construção do Contorno de Itaperuna, Rodovia BR 356.
Na oportunidade estiveram presentes as seguintes autoridades: governador Luiz Fernando Pezão, vice-governador Francisco Dornelles, senador Péricles Olivier de Paula, deputado Estadual Jair Bittencourt, prefeito Alfredo Paulo Marques Rodrigues (Alfredão), presidente da Câmara de Itaperuna Alexandre da Auto Escola, demais prefeitos da região, autoridades civis, militares e convidados.
Ainda durante o evento foram homenageados o vice-governador Francisco Dornelles e o senador Péricles Olivier de Paula, este, recebeu das mãos do governador Pezão e do vice Dornelles a carteira de senador.
Péricles agradeceu a homenagem e falou sobre a Estrada do Contorno. “É uma grande honra receber essa homenagem. Mas, honra maior foi ter sido o primeiro suplente deste grande homem que é o Dornelles, uma das pessoas mais influentes do nosso País. E nós temos uma boa notícia, que é a preparação da licitação para a Estrada do Contorno”, diz o senador.
Dornelles disse que é uma honra participar de uma solenidade em Itaperuna e agradeceu a todos pelo carinho recebido. Já o deputado Jair se colocou à disposição do Noroeste Fluminense. “Teremos o enorme prazer em trazer desenvolvimento para o Estado, principalmente para a nossa região Noroeste”, completa Jair.
O governador Pezão destacou os momentos difíceis pelo qual passa o Estado, principalmente no que diz respeito ao tema “água” e ratificou o compromisso com o interior. “Estamos passando por alguns momentos difíceis, mas temos que encarar e olhar para frente. Estamos preocupado com o produtor rural e vamos estar ao lado de vocês, nos momentos bons e nos momentos ruins”, destaca Pezão.
O prefeito Alfredão agradeceu a presença de todos e também mencionou a Estrada do Contorno. “É uma grande conquista para todos nós. Itaperuna precisa dessa construção o mais rápido possível. Uma obra que vai beneficiar não só a população de Itaperuna, mas a toda região Noroeste Fluminense”, ressalta o prefeito.
O presidente Alexandre da Auto Escola disse que a Estrada do Contorno será a obra do século para a cidade. “Sem dúvida alguma essa será a obra do século para Itaperuna. A gente só vai conseguir trazer o progresso para a região somando forças. Legislativo e Executivo trabalhando juntos, correndo atrás de recursos juntos aos governos Estadual e Federal”, finaliza.




Informação: Agência Comuniqque | www.comuniqque.com
Fotos: Marcelo Nunes


terça-feira, 13 de janeiro de 2015

SOMOS TODOS O QUÊ ?​

por: Saul Leblon
O emblema totalizante, ‘somos todos Charlie’ teve curta unanimidade no ambiente trincado de uma Europa onde, de fato, não há lugar para todos serem a mesma coisa em parte alguma.
Os números da exclusão em marcha no continente são suficientes para esfarelar essas ‘uniões’ nascidas da emoção da tragédia,  como é o caso, mas que historicamente se mostram insuficientes para regenerar as partes de um  todo que já não se encaixava mais.
Como recompor o cristal da liberdade, da igualdade e da fraternidade, diante de uma Europa unificada pela lógica do  mal estar social?
Com políticas pública que hoje  irradiam chantagem, regressão , niilismo, intolerância  e medo diante do futuro rarefeito?
Somos todos o quê?
É justo perguntar quando o Estado a serviço dos mercados  mastigou  todas as pontes para a construção de uma cidadania convergente e soberana.
A polêmica linha de humor do ‘Charlie Hebdo’  deve seu sucesso, em grande parte, justamente   à acentuação dessa rachadura em uma  chave religiosa.
Deve-se respeitar a sua liberdade. Mas a forma como escolheu exerce-la fez do jornal parte do estilhaçamento  que procurava  criticar;  tornou-se assim mais um referido do que  referência.
A Europa tem hoje 8 milhões de imigrantes sem papeis; 120 milhões de pobres e 27 milhões de desempregados.
Após seis anos de arrocho neoliberal, o desemprego e o esfarelamento do padrão de vida dos trabalhadores e da classe média –condensado em uma geração de jovens que dificilmente repetirá  a faixa de renda dos pais, turbinou a rejeição ao estrangeiro, criou o medo da  ‘islamização da sociedade’, alimentou a extrema direita e liberou  a demência terrorista.
Não necessariamente nessa ordem, mas com essa octanagem abrangente.
A imponente marcha em Paris neste domingo não escapou do liquidificador de nitroglicerina.
Seria irônico , não fosse trágico.
Na  comissão de frente da principal coluna da manifestação, que reuniu um milhão de pessoas,  ao lado do presidente François Hollande , e de Merkel, lá estava Benjamin Netanyahu.
Sim,  o premiê de Israel.
Ele que  acaba de se aliar à extrema direita para transformar o Estado israelense em um estado religioso.
Responsável por alguns dos mais impiedosos massacres do século XXI, contra populações civis encurraladas por Israel  na  Faixa de  Gaza, a presença de Netanyahu a engrossar o  ‘somos todos Charlie’ convida a pensar sobre o alcance das unanimidades.
É  um silogismo barato afirmar  que a recusa  ao bordão dominante endossa o abismo ensandecido  do terrorismo.
Num texto de 1911, ‘Porque os marxistas se opõem ao terrorismo individual’,  e quando ainda nem desconfiava que ele próprio seria uma vítima futura, León Trostsky  criticou exemplarmente aquilo que, nas suas palavras, ‘mesmo que obtenha “êxito” (e) crie confusão na classe dominante (…)  terá vida curta; o estado capitalista não é eliminado; o mecanismo permanece intacto e em funcionamento. Todavia, a desordem que  um atentado terrorista produz  nas fileiras da classe operária é muito mais profunda. Se para alcançar os objetivos basta armar-se com uma pistola, para que serve esforçar-se na luta de classes? Se um pouco de pólvora e um pedaço de chumbo bastam para perfurar a cabeça de um inimigo, que necessidade há de organizar a classe? Se tem sentido aterrorizar os altos funcionários com o ruído das explosões, que necessidade há de um partido?’, criticava o líder da Revolução de Outubro, banido e assassinado por Stálin, para concluir em seguida: ‘Para nós o terror individual é inadmissível precisamente porque apequena o papel das massas em sua própria consciência e (desvia)  seus olhos e esperanças para o grande vingador e libertador, que algum dia virá cumprir sua missão’.
Cento e quatro anos depois, o alerta ganha atualidade diante das medidas cogitadas após o massacre em Paris.
Os indefectíveis Le Pen, pai e filha, pedem, nada menos que a restauração da pena de morte, abolida em 1981.
A nostalgia da guilhotina é  só o primeiro degrau do patíbulo.
O endurecimento contra os imigrantes, na verdade,  já avançava em marcha batida antes do massacre da quarta-feira (07/01) .
Agora, porém, que  ‘somos todos Charlie’, quem irá detê-lo –se até Netanyahu  aderiu?
Ofuscados habilmente pelo ‘consenso’, os antecedentes da tormenta esticam o elástico de uma gigantesca armadilha histórica.
Desemprego com deflação e captura do Estado e da política pela alta finança.
É disso que se trata a tragédia europeia, vista de corpo inteiro.
A zona do euro enfrenta deflação recessiva; a Itália tem desemprego recorde; Alemanha e França assistem a uma espiral de xenófobia; Grécia tem 59% da juventude fora do mercado; Portugal tem 500 mil desempregados e Espanha devastou sua rede de proteção social.
Assim por diante.
Foi preciso que um economista moderado, Thomas Piketty, coligisse uma enciclopédia estatística  do avanço rentista sobre a riqueza da sociedade para que o tema da desigualdade merecesse algum espaço –fugaz—  no debate econômico e midiático sobre a crise europeia.
E mesmo assim colateral às decisões da troika, que estala o relho no lombo da cidadania e exige ordem unida ao abismo.
É sobre essa base de rigidez que a  alavanca da tragédia move o curso da história.
Não Maomé, não Charlie Hebdo, não a juventude niilista.
Não os  filhos de imigrantes pobres , que se convertem  cada vez mais ao islamismo como ponto de fuga à meia cidadania da desordem neoliberal  que nada tem a lhes propor hoje.
E  não o fará amanhã também.
Entregue aos ajustes fiscais, na ressaca dos mercados após o fastígio neoliberal, a Europa é hoje um museu de lembranças do acolhimento humanitário e político, que a transformaria em legenda da civilização e da fraternidade.
Na Itália, sob o afável Berlusconi, o Estado elevou para seis meses o tempo que imigrantes ilegais podem ser detidos em ‘ centros especiais’ e autorizou a criação de falanges civis para “ajudar a polícia a combater o crime nas ruas”.
Na Grécia, onde as taxas de desemprego triplicaram sob o chicote de Frau Merkel, os integrantes do partido Aurora Dourada sequer dissimulam a inspiração nazista: sua faxina étnica avança contra árabes, africanos, ambulantes, ciganos e homossexuais.
‘Somos todos Charlie’?
As notícias contraditórias que chegam dos EUA, surfando em uma recuperação feita de empregos com salários aviltados, e da Europa sem Estado à altura para reagir, evidenciam a profundidade de uma desordem  que não cederá tão cedo, nem tão facilmente.
A consciência dessa longa travessia é um dado fundamental para renovar a ação política em nosso tempo.
Recuos e derrotas acumulados pela esquerda mundial desde os anos 70, sobretudo a colonização de seu arcabouço pelos interditos neoliberais, alargaram os vertedouros ao espraiamento de uma dominância financeira que  agora produz  manifestações mórbidas em todas as esferas da vida.
Quando a economia se avoca  um templo sagrado, dotado de leis próprias, revestido de esférica coerência endógena, avessa ao ruído das ruas, das urnas e das aspirações por cidadania plena, o que sobra à democracia?
A pauta dos mercados autorregulados revelou-se uma fraude.
Gigantesca.
Era o  fim da história, replicava o colunismo áulico.
Não era, mostrou setembro de 2008.
Pior que isso.
O sete de janeiro francês avisa que se a sociedade continuar apartada do seu destino, os próximos capítulos serão dramáticos.
No Brasil, os que incitavam o governo a jogar o país ao mar em 2008, retrucam que o custo de não tê-lo afogado na hora certa acarretou custos  insustentáveis.
E eles terão que ser pagos agora.
Na forma de um afogamento incondicional.
Recomenda-se vivamente beber a cota do dilúvio desdenhada em 2008 em uma talagada única.
Não há alternativa, diria Margareth Tatcher.
As escolhas intrínsecas a uma repactuação do desenvolvimento brasileiro, de fato, não são singelas.
Nada que se harmonize do dia para a noite.
Por isso, o crucial é erguer linhas de passagem, repactuar  metas,  ganhos, perdas, salvaguardas e prazos.
Mas há um requisito para isso: tirar a economia do altar sagrado da ortodoxia e expô-la ao debate democrático do qual participem todas as forças sociais.
Quando a mídia conservadora tenta tropicalizar  o bordão ‘somos todos Charlie’, seu objetivo mal disfarçado vai no sentido oposto.
Tenta-se  reduzir uma  tragédia ciclópica a um atentado à liberdade de expressão.
E de forma rudimentar desdobrar a comoção aqui em um veto ao projeto de regulação da mídia brasileira.
Para quê? Justamente para interditar o debate sobre o passo seguinte do desenvolvimento do país.
O apego da emissão conservadora à liberdade de expressão, como se sabe, é relativo.
No dia seguinte ao massacre em Paris, a Folha de São Paulo, por exemplo, dedicou 256 palavras,  uma nota de rodapé,  para tratar do caso do blogueiro saudita, Raif Baddawi.
Baddawi dirigia o fórum on-line ‘Liberais Sauditas Livres’;  foi condenado por isso a dez anos de prisão e  multa de US$ 260 mil.
Seu caso é uma referência do padrão de justiça que impera na democrática sociedade saudita, principal aliada dos EUA no mundo árabe, onde mulheres não podem dirigir sequer automóveis  e inexiste judiciário independente da vontade dos mandatários.
Além de dez anos de prisão, Baddawi também será punido com mil chibatadas por “insultar o Islã” – 50 por semana, durante 20 semanas.
A primeira cota foi aplicada na última 6ª feira.
Uma nota com 256 palavras foi tudo o que o liberal Baddawi obteve de um dos principais veículos de informação do país.
Compare-se com as cataratas de tinta, imagem e som dedicadas à blogueira  cubana Yoani Sánchez que, livre, leve e solta, viajando pelo mundo, mereceu da mesma Folha de SP mais de 90 mil  citações; 155 mil no Globo e 110 mil no Estadão.
É difícil imaginar algo do tipo ‘somos todos Baddawi’ alastrando-se pelo colunismo pátrio que dispensou às visitas de Yoani um tratamento de chefe de Estado.
São dois pesos e mil chibatadas.
Uma diferença sugestiva.
Que recomenda cautela com as unanimidades produzidas pela mesma fonte.
Aqui ou em Paris.

Uma boa idéia

A Prefeitura Municipal de Itaperuna lança o programa "Uma criança, uma árvore", que seja um sucesso, pois num calorão escaldante como esse melhor ideia impossível. A equipe de governo acertou na veia.
 
Programa 'Uma criança, uma árvore' é apresentado em Itaperuna

Em Itaperuna, RJ, o programa “Uma criança, uma árvore” foi apresentado durante reunião entre os secretários Marcelo Poeys (Saúde) e Alair Ignácio (Ambiente). O projeto é uma iniciativa da Prefeitura e visa educar e demonstrar que a arborização traz mais qualidade de vida e ajuda a equilibrar o meio ambiente.
Através do programa será plantada muda de diferentes espécies de vegetais da flora brasileira e nativas da região. O plantio acontecerá mediante um cadastro de adesão, autorizado pelos pais, no momento do preenchimento de um dos seguintes documentos: ficha de inscrição de gestantes no pré-natal, Teste do Pezinho, ou na Sala de Vacinação, ou ainda, no momento da avaliação do peso e medidas.
Daí em diante, todas as crianças nascidas no município de Itaperuna que participarem do projeto terão o plantio regulado pelos técnicos da Secretaria Municipal do Ambiente (SEMA). A fim de motivar a participação das famílias no programa, será entregue aos pais um certificado com os dizeres “Criança amiga da natureza”, no qual constará a data de nascimento da criança, nome popular e científico da árvore, bem como a data e o local do seu plantio.
Os espaços escolhidos para o plantio das mudas ocorrerá em locais previamente vistoriados e aprovados pela SEMA, observadas as normas municipais de urbanismo e arborização. O local do plantio pode ser escolhido pelos pais, desde que atenda às regras do Plano de Arborização Urbana, não prejudicando a rede de transmissão de energia elétrica, a rede de água ou esgoto, ou ainda, destruir as calçadas. Caso os pais da criança residam em local em que o plantio da árvore seja impróprio, a SEMA realizará o plantio em outro local, como praças, áreas verdes públicas ou particulares.
Os setores PAISM (Programa de Assistência Integral da Saúde da Mulher) e NICES (Núcleo de Informação, Comunicação e Educação em Saúde), ligados à Secretaria Municipal de Saúde, já estão se empenhando na divulgação do projeto.
De acordo com Alair Ignácio, o objetivo do projeto é incentivar o plantio de árvores em locais distintos da cidade. “Na verdade, queremos que a geração dessas crianças, tenha mais sensibilidades quanto à proteção do meio ambiente, desde o seu nascimento, despertando a afinidade e o cuidado com as árvores e a natureza. O programa é uma maneira especial que a Prefeitura encontrou para aumentar a área verde do município”, reforça.
O secretário Marcelo Poeys disse que a Secretaria de Saúde começou o ano de 2015 a todo vapor. “Estamos começando o ano com novos projetos, a todo vapor. Só no PAISM, na primeira semana, os atendimentos foram consideravelmente superiores ao de 2014. A clientela foi atendida 100% e aqueles que chegaram sem marcação, que não puderam ser atendidos na hora, foram marcados para o próximo dia. Agora, com a iniciativa do projeto, estaremos dando uma dinâmica a mais na assistência de saúde”, afirma Marcelo.
Ainda de acordo com o secretário de Saúde, o programa “Uma criança, uma árvore” dará mais dinamismo ao processo de bom relacionamento entre os usuários do sistema e seus cuidadores. “Com essa interação estaremos valorizando cada um da população. Se considerarmos que cada criança ao nascer terá plantado um vegetal, estaremos estimulando nossas crianças a terem senso de preservação e respeito pela vida. Prezamos por uma saúde de excelência e com qualidade”, finaliza o secretário de Saúde.
Equipe do PAISM animada com o programa
Segundo a enfermeira Sandra Helena, coordenadora do PAISM, todas as iniciativas que visam a valorização das mulheres, gestantes e seus bebês, são bem vindas. “Contribuir para a preservação do meio ambiente em que vivemos, visando a geração que está nascendo é tudo de bom. É com essa preocupação que aceitamos a parceria e vamos estar imbuídas, toda a equipe, em busca de resultados positivos. Na verdade, quem ganha com isso são as mulheres, principalmente as gestantes que terão seus filhos como protagonista de um trabalho significativo e preservador. Será gratificante, além de valorizar as novas vidas que passam a fazer parte de nossa comunidade, o programa pensa no futuro da cidade, das crianças e de toda população”, conclui a coordenadora Sandra Helena.


Informação: NICES | Edição: Departamento de Comunicação - Prefeitura de Itaperuna