Paulo Roberto é Pedagogo, Sindicalista e Petista.

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Dever cumprido é fruto da ousadia de um velho militante das lutas democráticas e sociais do nosso Brasil, que entende que sem uma interação rápida, ágil, eficiente e livre com o que rola pelo mundo, a democracia é pífia.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

MODERNIZAÇÃO

 - Itaperuna deve sediar oficina de Portal Modelo para 15 cidades.

por Letícia — Última modificação 25/10/2011 17:51 

          A Câmara Municipal de Itaperuna, na região noroeste do Rio de Janeiro, quer que o Interlegis promova uma oficina de Portal Modelo para internet não apenas para o seu próprio uso, mas para várias casas legislativas da região. O vice-presidente da Câmara, Alexandre Pereira da Silva, esteve ontem na sede do Interlegis e foi recebido pelo diretor executivo do Programa, Haroldo Tajra. Ele estava acompanhado de sua assessoria jurídica e do Chefe de Gabinete Celso Nunes que é o interlocutor junto ao Interlegis.
          Segundo Tajra, a Câmara de Itaperuna pode ser polo também para a execução do Programa de Integração dos Vereadores, que o Interlegis vai capitanear em 2012 para os novos vereadores. Quanto à oficina de Portal Modelo, as duas partes vão prosseguir nas negociações para definir os detalhes.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Che Guevara e os mortos que nunca morrem


Domingo, 9 de Outubro de 2011 12:12

 

Che Guevara e os mortos que nunca morrem

Diz Eduardo Galeano, que conheceu o Che Guevara: ele foi um homem que disse exatamente o que pensava, e que viveu exatamente o que dizia. Assim seria ele hoje. Já não há tantos homens talhados nessa madeira. Aliás, já não há tanto dessa madeira no mundo. Mas há os mortos que nunca morrem. Como o Che. E, dos mortos que nunca morrem, é preciso honrar a memória, merecer seu legado, saber entendê-lo. Não nas camisetas: nos sonhos, nas esperanças, nas certezas. Para que eles não morram jamais. O artigo é de Eric Nepomuceno.

No dia em que executaram o Che Guevara em La Higuera, uma aldeola perdida nos confins da Bolívia, Julio Cortázar – que na época trabalhava como tradutor na Unesco – estava em Argel. Naquele tempo – 9 de outubro de 1967 – as notícias demoravam muito mais que hoje para andar pelo mundo, e mais ainda para ir de La Higuera a Argel.

Vinte dias depois, já de volta a Paris, onde vivia, Cortázar escreveu uma carta ao poeta cubano Roberto Fernández Retamar contando o que sentia: “Deixei os dias passarem como num pesadelo, comprando um jornal atrás do outro, sem querer me convencer, olhando essas fotos que todos nós olhamos, lendo as mesmas palavras e entrando, uma hora atrás da outra, no mais duro conformismo... A verdade é que escrever hoje, e diante disso, me parece a mais banal das artes, uma espécie de refúgio, de quase dissimulação, a substituição do insubstituível. O Che morreu, e não me resta mais do que o silêncio”.

Mas escreveu:

Yo tuve un hermano
que iba por los montes
mientras yo dormía.
Lo quise a mi modo,
le tomé su voz
libre como el agua,
caminé de a ratos
cerca de su sombra.
No nos vimos nunca
pero no importaba,
mi hermano despierto
mientras yo dormía,
mi hermano mostrándome
detrás de la noche
su estrella elegida.


A ansiedade de Cortázar, a angústia de saber que não havia outra saída a não ser aceitar a verdade, a neblina do pesadelo do qual ninguém conseguia despertar e sair, tudo isso se repetiu, naquele 9 de outubro de 1967, por gente espalhada pelo mundo afora – gente que, como ele, nunca havia conhecido o Che.

Passados exatos 44 anos da tarde em que o Che foi morto, o que me vem à memória são as palavras de Cortázar, o poema que recordo em sua voz grave e definitiva: “Eu tive um irmão, não nos encontramos nunca mas não importava, meu irmão desperto enquanto eu dormia, meu irmão me mostrando atrás da noite sua estrela escolhida”.

No dia anterior, 8 de outubro de 1967, um Ernesto Guevara magro, maltratado, isolado do mundo e da vida, com uma perna ferida por uma bala e carregando uma arma travada, se rendeu. Parecia um mendigo, um peregrino dos próprios sonhos, estava magro, a magreza estranha dos místicos e dos desamparados. Foi levado para um casebre onde funcionava a escola rural de La Higuera. No dia seguinte foi interrogado. Primeiro, por um tenente boliviano chamado Andrés Selich. Depois, por um coronel, também boliviano, chamado Joaquín Zenteno Anaya, e por um cubano chamado Félix Rodríguez, agente da CIA. Veio, então, a ordem final: o general René Barrientos, presidente da Bolívia, mandou liquidar o assunto.

O escolhido para executá-la foi um soldadinho chamado Mario Terán. A instrução final: não atirar no rosto. Só do pescoço para baixo. Primeiro o soldadinho acertou braços e pernas do Che. Depois, o peito. O último dos onze disparos foi dado à uma e dez da tarde daquela segunda-feira, 9 de outubro de 1967. Quatro meses e 16 dias antes, o Che havia cumprido 39 anos de idade. Sua última imagem: o corpo magro, estendido no tanque de lavar roupa de um casebre miserável de uma aldeola miserável de um país miserável da América Latina. Seu rosto definitivo, seus olhos abertos – olhando para um futuro que ele sonhou, mas não veria, olhando para cada um de nós. Seus olhos abertos para sempre.

Quarenta e quatro anos depois daquela segunda-feira, o homem novo sonhado por ele não aconteceu. Suas idéias teriam cabida no mundo de hoje? Como ele veria o que aconteceu e acontece? O que teria sido dele ao saber que se transformou numa espécie de ícone de sonhos românticos que perderam seu lugar? Haveria lugar para o Che Guevara nesse mundo que parece se esfarelar, mas ainda assim persiste, insiste em acreditar num futuro de justiça e harmonia? Um lugar para ele nesses tempos de avareza, cobiça, egoísmo?

Deveria haver. Deve haver. O Che virou um ícone banalizado, um rosto belo estampado em camisetas. Mas ele saberia, ele sabe, que foi muito mais do que isso. O que havia, o que há por trás desse rosto? Essa, a pergunta que prevalece.

O Che viveu uma vida breve. Passaram-se mais anos da sua morte do que os anos da vida que coube a ele viver. E a pergunta continua, persistente e teimosa como ele soube ser. Como seria o Che Guevara nesses nossos dias de espanto? Pois teria sabido mudar algumas idéias sem mudar um milímetro de seus princípios.

Diz Eduardo Galeano, que conheceu o Che Guevara: ele foi um homem que disse exatamente o que pensava, e que viveu exatamente o que dizia.

Assim seria ele hoje.

Já não há tantos homens talhados nessa madeira. Aliás, já não há tanto dessa madeira no mundo. Mas há os mortos que nunca morrem. Como o Che.

E, dos mortos que nunca morrem, é preciso honrar a memória, merecer seu legado, saber entendê-lo. Não nas camisetas: nos sonhos, nas esperanças, nas certezas. Para que eles não morram jamais. Como o Che.

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Para entender a “carga tributária” no Brasil

2/10/2011

Projeto Nacional
 
Por: Fernando Brito
 
 
 
 
Quem paga imposto no Brasil são basicamente os pobres.”
 
 
A frase é do presidente do Ipea, economista Márcio Pochmann, e talvez você já a tenha ouvido algumas vezes pensando, talvez, em sonegação fiscal.
 
 É triste dizer isso, mas infelizmente é, na sua essência, um problema pior, porque não se resolve com medidas administrativas.
 
Essa pausa do final de semana pode ajudar a gente, no meio do torvelinho da crise, a falar algo de útil para a compreensão do assunto.
 
O Brasil tem um cipoal de impostos e uma carga tributária que, se não é alta pelo padrão de países desenvolvidos, também não é baixa, se considerada sua repercussão sobre o mundo do trabalho e da produção.
 
Mas é o peso que tem cada grupo de impostos que vai nos dizer quem está pagando quanto de impostos.
 
A maior parte do bolo é, disparado, a do imposto indireto, cobrado sobre o consumo.
 
Cerca de 60% do total de impostos recolhido no Brasil incide sobre o que as pessoas consomem. Além do ICMS e do Imposto sobre Produtos Industrializados, que representam metade deste percentual, atingem o consumo todos os tributos que vão parar lá na nota fiscal dos produtos ou serviços consumidos pela população: ISS, Cofins, etc…
 
Aumentar estes impostos, portanto, significa aumentar preços e, consequentemente, reduzir o poder de compra da população. E, em geral, fazer isso em cima dos mais pobres. Por que? Porque os impostos sobre consumo representam, em média, um peso sobre a renda disponível três vezes maior sobre os que ganham menos de três salários mínimos quando se compara ao que pagam os que tem renda de mais de 20 salários-mínimos.
 
Por mais que se possa ajustar a alíquota sobre cada bem – o feijão, por exemplo, ter uma alíquota menor que as bebidas, o que basta para mostrar como é injusto o tal “imposto único” – este imposto embute uma “cegueira” social: não importa que seja rico ou pobre, todos pagam o mesmo.
 
Já os impostos diretos, que incidem diretamente sobre a renda e a riqueza patrimonial, são mais diretos e que menos impactam a atividade econômica, porque incidem sobre o resultado do término dela, no indivíduo ou na empresa.
 
O maior destes impostos, o de renda, representa, aproximadamente, 25% de nossa carga tributária, apenas. E nela, a renda do trabalho e a do capital quase empatam: a renda do trabalho responde por 10%, enquanto a renda do capital corresponde a 11%, restando 4% para outras rendas.
 
Nosso imposto de renda não apenas é baixo para quem ganha muito e alto para quem ganha pouco, com poucas e limitadas faixas de renda, como é mal distribuído entre os tipos de atividade econômica das empresas.
 
Para sustentar a a primeira afirmação, olhe este gráfico (vai ser preciso ampliar para ler) elaborado pela KPMG, uma das gigantes mundiais no ramo de auditoria e consultoria contábeis. Repare que, para quem tem renda superalta, o peso dos impostos (inclusive os previdenciários) aplicados no Brasil só é maior que o dos paraísos fiscais, plenos ou parciais, e do que alguns países ex-bloco soviético, onde o sistema tributário foi remontado a partir do fim dos regimes comunistas e – já está claro – não se sustenta.
 
Repare que não se está comparando apenas com os países ricos, para evitar o argumento de que paga-se muito lá mas os serviços estatais são bons. Aliás, nem isso é verdade, como se vê no exemplo dramático de existirem nos EUA 50 milhões de pessoas sem qualquer – boa ou ruim – cobertura médica.
 
Se aquele magnata americano, o Warren Buffett, fosse brasileiro, o seu artigo “Parem de mimar os super-ricos” seria muito mais contundente do que foi nos Estados Unidos, onde os impostos diretos são mais altos.
 
Quanto à má distribuição entre os setores, ela fica clara quando se observa os critérios de tributação: as maiores alíquotas incidem sobre a renda do trabalho. Os bancos, por exemplo, recolhem cinco vezes menos imposto de renda do que todas as pessoas físicas do país. E as empresas se valem da isenção de imposto sobre seu lucro, em boa parte, pelo ‘pagamento de juros sobre o capital próprio” feito a seus acionistas, entre outros mecanismos para “driblar” recolhimentos maiores.
 
O último grupo de impostos, então, é mais escandaloso: o sobre o patrimônio. Em países desenvolvidos, e que ninguém põe em dúvida serem liberais, os impostos sobre patrimônio representam mais de 10% da arrecadação tributária: no Canadá são10%, Japão,10,3%, na Coréia,11,8%), na Inglaterra,11,9% e nos EUA nada menos que12,15%.
 No Brasil, 3,4%.
 
Este é o quadro de um país que se escandaliza com um aumento de 0,1% sobre as rendas mais altas – embora seja adequada a discussão sobre o que é renda mais alta, aqui – para financiar o sistema público de saúde.
 
A ineficiência dos serviços públicos, se tem de ser vencida pela profissionalização e modernização da sua administração não pode servir de biombo para a realidade que foi sintetizada pelo professor Pochmann:
 
“Quem paga imposto no Brasil são basicamente os pobres.”
 

domingo, 9 de outubro de 2011

É o emprego, “cara”...

 
sábado, 8 de outubro de 2011
 


Carta Capital n˚ 667

 
por Delfim Netto

 
De todos os desperdícios de recursos naturais de uma sociedade, nenhum é mais injusto, mais prejudicial à integração social e à autoestima do cidadão do que negar-lhe a oportunidade de viver honestamente e sustentar a família com o resultado do seu trabalho. É por isso que a construção de uma sociedade mais “justa”começa pela maximização do nível de emprego.
 
Não se imagina que em uma organização econômica como a que vivemos todos terão emprego a um só tempo, mesmo nos períodos mais dinâmicos de crescimento Sempre haverá fases de acomodação do nível da atividade podendo gerar uma taxa de desemprego friccional que a sociedade “justa” tem de socorrer com as políticas sociais do Estado.
 
Há quatro anos a sociedade americana viu-se envolvida em uma séria crise bancária que em poucas semanas eliminou milhares de empregos no setor financeiro, antecipando a tragédia que em alguns meses suprimiu perto de 15 milhões de postos de trabalho nos demais setores da economia. Países da Comunidade Européia sofrem hoje de forma dramática o agravamento de uma crise de origens similares, sob ameaça de desmoronamento dos pilares de sua principal construção, o sistema do euro. No mundo inteiro, algo como 30 milhões de trabalhadores não recuperaram os empregos incinerados desde a crise de 2008/2009.
 
As consequências de ordem política e institucional estão revelando-se na medida em que os cidadãos ocupam as ruas das metrópoles do Ocidente, cobrando respostas das lideranças globais, aparentemente perplexas e atordoadas. É surpreendente, mas reveladora deste estado de coisas, a explicação e o mea culpa atribuídos ao ministro da Economia da Grécia, Michalis Chryssohoidis: “nossa situação é desesperadora, porque reduzimos de forma bastante drástica a renda das pessoas”.
 
Dos Estados Unidos, os europeus estavam acostumados a receber conselhos (quando não a mão amiga) para contornar as crises. O que assistiram, porém, no início da última semana na tevê foi a imagem de um presidente americano cabisbaixo, desanimado, admitir em plena campanha que se tornou o “azarão” das próximas eleições. Importante, mesmo, foi Obama admitir francamente que seus baixos índices de popularidade são consequência do estado da economia neste final de mandato: “os eleitores não estão melhores hoje que há quatro anos. Conseguimos um progresso contínuo para estabilizar a economia, mas a taxa de desemprego ainda é muito alta”.
 
Um esforço para estabilizar que causou mais de 1 trilhão de dólares despejados nos cofres dos bancos para salvá-los da quebra, na crença de que o sistema financeiro retribuiria irrigando com créditos o setor produtivo. A esperança era de que o dinheiro do contribuinte seria usado para financiar a retomada dos investimentos na indústria e da atividade comercial, voltando a estimular o consumo e com isso a recuperação do nível de emprego.
 
Nada do que se esperava aconteceu, como se sabe. Em contraste, formou-se aquele circuito tenebroso: sem a expectativa de melhora da demanda interna em razão da manutenção de altos níveis de desemprego, as empresas simplesmente adiaram investimentos na produção e não fizeram novas contratações de mão de obra, um circuito que se autoalimenta e habitualmente conduz à recessão econômica. O Brasil, é sempre bom lembrar, escolheu logo no início da crise outro caminho, até certo ponto surpreendente, mas que se revelou extremamente virtuoso: sem perder muito tempo com a sofisticação de modelos, o presidente dirigiu-se diretamente ao consumidor brasileiro e, na linguagem que cada um de seus milhões de eleitores compreendeu rapidamente, exortou-os a continuar consumindo: “se você deixar de ir ao mercado ou às lojas, se parar de comprar com medo de perder o emprego, aí então é que vai ficar sem emprego, porque a empresa vai deixar de produzir se não tiver para quem vender”.
 
Todos sabem que funcionou e o comportamento da economia brasileira para vencer a crise de 2008/2009 mantendo os níveis de emprego, a renda salarial e o consumo interno em crescimento, é reconhecido mundialmente como extraordinariamente bem-sucedido. Hoje o nosso ex-presidente continua sendo admirado como “o cara”, que intuiu que a saída da crise estava na manutenção dos empregos e da renda dos salários, mais do que a salvação da banca.
 
Curiosamente é Obama, o criador do honroso apelido, quem hoje faz também uma espécie de mea culpa por demorar quatro anos para entender a mensagem de seu então “colega”, o trabalhador Luiz Inácio Lula da Silva.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

O PODER DAS CÂMARAS DE SEGURANÇA

NOTA DO BLOGUEIRO:
Recebi esse E-maill e chamo a todos para essa reflexão, o que numa visão superficial nos parece bom será que é bom mesmo? Você quer ser vigiado assim? Gente isso é um perigo, o poder contituidos vigia, julga e elimina o que não lhe é conveniente. Seremos todos uns bonecos nas mãos deles.

Abram o arquivo, aproximem as fotos e comente aqui no BLOG.
Paulo Roberto
Tecnologia muito moderna
             Veja só esta foto... é só ir aproximando, aproximando... descubra como a polícia consegue identificar, perfeitamente, uma pessoa, na multidão, entre milhares delas...
          Nada mais é secreto... Reconhecimento de um rosto na multidão. . Coloque o cursor em qualquer parte da multidão e clique duas vezes. Mantenha o duplo clique e veja o que acontece.
              Essa é uma grande ferramenta para garantir a aplicação da lei.
          Esta é uma foto tirada no dia 24, sexta feira, antes de um tumulto ocorrido no Canadá. Você pode ver, perfeitamente, os rostos de todos os indivíduos, separadamente, um por um, e há milhares deles.
           Apenas pense nos recursos tecnológicos que a polícia e os militares têm a sua disposição.
http://www.gigapixel.com/image/gigapan-canucks-g7.html
 
Agora pare e pense...
           Um a sociedade com esse poder de controle é mais segura? Claro que não!
          O excesso de controle só nos torna mais controlado. Isso é péssimo.
       Ao sermos controlados, não temos como fazer mudanças, numa manifestação, onde a força do coletivo nos protegia, agora somos vulneráveis.
As lideranças são facilmente destruídas, as mobilizações dissolvidas.
        Fica a pergunta:
       Quem controla, controla o que? A vontade da maioria? A vontade particular de um determinado grupo? A sua vontade pessoal?
       O maior controle social que podemos ter não é um Estado controlador, e sim um coletivo forte e participativo.
      Pelo fim das câmeras, pelo fim do Big Brother montado no mundo, pela ocupação dos espaços públicos como: ruas, praças, governo.
 
Marcelo Pustilnik Vieira
Consultor e Professor de Ensino Superior

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Quebrar os ovos e não fazer a omelete?

Recebi do Beatrice

          Vou tocar num tema difícil e deixa claro que o faço em meu nome pessoal, sem que tenha conversado ou sequer avisado o titular deste blog. Portanto, os que quiserem condenar o que digo, que condenem a mim, apenas.
         E faço isso porque o convívio de mais de duas décadas com Leonel Brizola e com a administração pública me fez ver quanto é difícil ser honesto e como é quase impossível parecer honesto, mesmo que você o seja. E, claro, como é simples ser desonesto, se você vê na vida pública o caminho da fartura que, positivamente, nela não existe para quem a exerce com princípios e, sobretudo, com causas.
         A saída do PR da base governista não é um desastre irreparável, mas é muito ruim. Não para o Governo   Dilma, apenas, mas para o país. Uma crise com o PMDB, sim é que seria um desastre irreparável. Menos mal que a indicação do deputado Mendes Ribeiro – a quem já tive oportunidade de me referir aqui – para ocupar o Ministério da Agricultura é sólida e muito bem vinda.
            Mas algumas verdades devem ser ditas.
          Não temos um Congresso de esquerda. Quando muito, poderíamos, com muito boa vontade, dizer que temos um terço do Congresso ideologicamente de esquerda.
         É verdade que, da mesma forma, não temos um Congresso ideologicamente aferrado – embora seja mais fácil ser simpático ao que toda a mídia diz – às posições neoliberais, aliás não temos nem mesmo um terço dele assim.
      Mas temos um Congresso patrimonialista, material e politicamente falando. Que quer “espaços” políticos que eternizem o grande patrimônio dos deputados e senadores: os seus mandatos.
    Isso não quer dizer – e não pode querer dizer – pactuar com a corrupção que, eventualmente, possa ocorrer. Mas a ponte, a obra, o asfalto, a estrada vicinal, o atendimento a pleitos locais são moeda política real e histórica. Desde que sejam ações necessárias, benéficas à população e realizadas sem desvios de recursos, não trazem mal ao país, nem à população. Ao contrário, até refletem a capacidade de pressão política legítima que seus representantes podem e devem fazer, num sistema político em que “as bases” são formadas assim.
         É curioso que a direita, até, cobre aos parlamentares que se dediquem mais a estas questões locais, tanto que prega o voto distrital.
         Outra coisa bem diferente é que estes “espaços” se prestem à corrupção e ao enriquecimento pessoal. Evitar que isso aconteça é papel das instituições republicanas de controle, que sempre tiveram, seja no Governo Lula, seja no atual, ampla liberdade de atuação e respaldo em suas ações, dentro da lei, e com independência.
        Um Presidente da República não é um “xerife”. É um condutor, um agregador, um líder que encaminha vontades diferentes dentro de um caminho comum.
Que o Governo precisa de maioria, e que essa maioria não virá automaticamente é algo que ficou bem claro na votação do Código Florestal.
        Não será, também, a mídia que a formará, a não ser para destruir a liderança progressista que nos custou décadas a formar. Muito menos virá da oposição o apoio sincero à ação ética e moralizadora.
É preciso ser firme, mas também extremamente cuidadoso. A administração pública deve funcionar na sua plenitude.
         A Presidenta tem toda a razão em dizer que onde há corrupção, há ineficiência.
       Ao exigir-se eficiência, compromisso, efetividade das ações, cumprimento de prazos, prática de valores módicos e austeridade, então, é que se estará evitando e reduzindo a corrupção.
         Mas cruzadas moralistas não são moralizantes. São, sim, paralisantes.
E não há maior crime, não há mesmo, do que permitir que se paralise o grande processo de transformação do Brasil que está em curso.
      Os conselheiros da Presidenta deveriam perceber que colocaram, como aprendizes de feiticeiros, um caldeirão em ebulição. Com fatos ou sem fatos que o justifiquem, tudo agora é suspeito.
Por sorte a Presidenta não é aprendiz. Ao contrário, aprendeu muito, ela própria, ajudando a tirar o Governo de Lula desta armadilha.
E saberá, muito bem, tirar a si própria do caminho em que tentam leva-la, restabelecer a solidez da base aliada e usar a maioria de que dispõe para fazer as transformações que, estas sim, definirão a sorte de seu Governo.
Porque o sucesso do marketing é fugaz, e o dos atos, perene.
Ter desejos de justiça e progresso é grandeza. Fazer justiça e progresso, mantendo o olhar nos horizontes, em meio às vicissitudes da política é enormidade de ser estadista.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Yong Park extrai mais esperança da própolis

http://www.unicamp.br/unicamp/unicamp_hoje/ju/novembro2003/ju236pag05.html#top
 
Na luta contra o câncer, pesquisador anuncia que
resina contém dezenas de vezes
mais flavonóides do que vegetais

Ultimamente, pesquisadores do exterior não vêm dando paz ao professor Yong Kun Park. Aposentando, mas incapaz de abandonar as atividades na Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) da Unicamp, ele ganhou notoriedade e prêmios internacionais com pesquisas sobre a própolis brasileira. Park e seus orientados colheram amostras de variados tipos de própolis por quase todo o país (falta a Amazônia, onde já trabalham) e descobriram nelas importantes propriedades anticancerígenas e anti-HIV. Os extratos obtidos motivam pesquisas em centros avançados como Japão e Estados Unidos, na busca por medicamentos que eliminem nos doentes a desesperança.
O assédio a Yong Park começou em junho deste ano, quando ele viajou a Kobe para conferir de perto os resultados relativos à concentração de flavonóides nas amostras de própolis que enviara a colegas japoneses. "A própolis possui dezenas de vezes mais flavonóides do que qualquer vegetal", festeja o professor. A festa se justifica. O flavonóide é um composto fenólico presente nos vegetais e, desde o início dos anos 1990, estuda-se mundialmente a sua eficácia no combate a um perigoso invasor do corpo humano: a dioxina, produzida na degradação de produtos contendo cloro, como plásticos e herbicidas.
A dioxina contamina o solo, a água e os vegetais, sendo absorvida pelos animais e, na ponta desta cadeia alimentar, invade as células humanas levando à formação de substâncias cancerígenas. Por isso, ganhou o nome de hormônio ambiental. Está associado a cânceres de pulmão, cérebro e próstata. "Dentro do corpo se produz o hormônio endócrino, que entra na célula denominada "receptor" e envia sinais ao núcleo, estimulando o gene a formar compostos necessários para nossa fisiologia. Estamos, então, sobrevivendo. O problema é que a dioxina ocupa o lugar por onde entraria o hormônio endócrino. A ingestão de flavonóides combate essa invasão, porque eles deslocam a dioxina do receptor, ocupando a mesma posição na célula", ensina o professor.
Se, por isso, os pesquisadores já reconheciam a importância dos vegetais na dieta alimentar, é imaginável o impacto da notícia de que a própolis contém flavonóides em quantidade exponencial. "Já recebi apoio da Finep para prosseguir nesta linha de pesquisa. Para os testes no Japão, enviei apenas amostras de própolis que tinham o flavonóide em maior concentração. Agora, vamos investigar todas, visto que apresentam propriedades diferentes, além de outros vegetais e ervas que contenham o composto", afirma o pesquisador.
Universidades como a de Kobe realizam estudos para supressão do hormônio ambiental há pelo menos dez anos. No Brasil, nada se fez, e os flavonóides da própolis nem provocaram eco. "Já os países desenvolvidos me procuram a toda hora. Estou voltando de uma viagem com os japoneses pelo Nordeste e à Carolina do Norte", revela. Os norte-americanos, igualmente atentos, já sugeriram a Park que redirecionasse o trabalho para a inibição do vírus da Aids. "Se a própolis e seus flavonóides comprovarem eficácia contra o HIV, os pesquisadores envolvidos ganham o Prêmio Nobel", brinca. Brincadeira, mas nem tanto. Instigado, o professor admite que as pesquisas com a própolis, em seu conjunto, não estão tão longe de cumprir requisitos para a premiação.

Trajetória – A postura humilde e o espírito risonho dos orientais se acentuam quando Yong Park é convidado a falar da vida pessoal. Recusa-se, gentilmente. A professora Gláucia Pastore, que convive com ele há tempos na FEA, não titubeia: "O professor Park é a maior autoridade mundial em própolis. Para medir a importância de sua linha de trabalho, basta dizer que a própolis, assim como outros vegetais, possuem componentes capazes de reduzir a poluição ambiental que o próprio indivíduo carrega e que pode levar a doenças degenerativas. A dioxina, no caso, é o grande inimigo oculto nas águas e solos das cidades industrializadas".
É a professora, também, quem repassa a trajetória de Yong Park. Nascido na Coréia do Norte, desceu para Seul e formou-se em medicina. Nos tempos da guerra da Coréia, migrou para o Japão, onde estudou por alguns anos, até cruzar o mundo e tornar-se um dos principais patologias das forças armadas americanas. "Mas ele queria propostas novas, nos Estados Unidos seria apenas mais um médico. O Brasil despontava como promessa e o professor veio para o Ital. A convite de Zeferino Vaz, criou na Unicamp a área de bioquímica de alimentos. Nesta área, tudo o que existe no país veio depois dele", afirma.
O enxame – Yong Park guarda na memória as cenas de "O Enxame", de 1978, que enterrou a carreira do produtor de filmes-catástrofe Irwin Allen, depois dos sucessos de "O Destino de Posseidon" e "Inferno na Torre". "A invasão dos Estados Unidos por abelhas africanas é muita fantasiosa, mas comecei a me interessar por própolis", conta. A verdade, na trama, é que tudo começou no Brasil. O pesquisador Warwick Estevan Kerr, considerando baixa a produção de mel pela abelha Apis mellifera, européia, resolveu cruzá-la com uma espécie africana, a mortífera Apis mellifera scutellata. Alguém retirou a malha de proteção e trinta abelhas escaparam, enxameando e se espalhando pelas Américas, fazendo vítimas fatais. Daí, o filme.
Kerr levou a culpa pelo acidente, mas conseguiu o cruzamento com as abelhas que restaram e fez nascer a Apis mellifera africanizada. Ele e Yong Park viriam a se conhecer e trocar idéias posteriormente. No Sul, o professor da FEA desenvolveu uma pesquisa comparativa em campo, constatando que a abelha africanizada é muito mais eficiente do que a européia na produção de própolis. Este trabalho foi publicado no Japão e alavancou a trajetória de Park na área de biotecnologia voltada à própolis e outros alimentos funcionais. Kerr, por seu lado, ganhou o respeito dos apicultores brasileiros ao multiplicar por dez a produção de mel.

O truque das abelhas
O professor Yong Park explica que os vegetais, no estágio de brotos, estão vulneráveis a microorganismos e insetos; para se proteger, produzem enzimas que funcionam como os anticorpos nos humanos. A colméia, que guarda o néctar das plantas, ficaria igualmente vulnerável a invasores. Ocorre que as abelhas aprenderam a coletar as enzimas que protegem os vegetais, fechando com elas a parte externa das colméias. "Países europeus, principalmente do leste, há dois mil anos usam a resina das colméias para tratar de doenças infecciosas", conta. Hoje estão confirmadas as propriedades antiinflamatórias, antimicrobianas, antioxidantes e anticancerígenas da própolis. O detalhe é que não existe apenas um tipo de própolis, como se pensava. Estados Unidos e Europa pensavam assim porque possuem climas temperados, em que maioria dos vegetais é visitada pela abelha da espécie "álamo", sendo esta a resina predominante. "No Brasil, com a maior biodiversidade do planeta e seu clima tropical ou subtropical, encontramos variados tipos de própolis, conforme a origem botânica, e todos com atividades farmacológicas diferentes", acrescenta Yong Park.
Em 1994, o professor apresentou o trabalho de sua equipe na Europa e Japão, classificando 12 grupos de própolis, divididos conforme a concentração de compostos químicos. Era fruto da avaliação de 500 amostras coletadas nas regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste. Testes nos EUA, comprovando propriedades citotóxicas, anti-HIV e anti-cárie nas amostras, foram repercutidos por publicações científicas e pela mídia.
Yong Park orgulha-se de ver seu orientado Michel Koo contratado pela Universidade de Rochester, com seu próprio laboratório e equipe. Michel Koo vem aprofundando as pesquisas que iniciou na Unicamp sobre a ação de compostos da própolis contra a enzima da bactéria Streptococcus mutans, que provoca a cárie. Na Universidade da Carolina do Norte, testes de atividade citotóxica indicaram uma variação de 14% a 97% na inibição do crescimento de células cancerígenas, notadamente as de mama, intestino, naso-faringe e renal. Quanto à atividade anti-HIV, são promissores os resultados obtidos com os grupos 1 e 5, da região Sul, segundo os testes na Biotech Research Laboratories.
O caminho – Mas Yong Park não pensa apenas em própolis. Adverte que o mundo já tomou outro rumo e que o Brasil depende da exploração sustentável de sua rica biodiversidade para sobreviver. Para isso, deve investir na biotecnologia voltada para produtos naturais. "Estados Unidos e Europa sempre usaram medicamentos gerados da síntese química, mas hoje recorrem cada vez mais a produtos naturais com atividades farmacológicas. No ramo de ingredientes e alimentos funcionais, o mercado mundial movimentou 20 bilhões de dólares em 2000, e a cifra deve triplicar até 2010", informa.
Trata-se de um alerta de cientista, pois negócios não fazem parte da vida de Yong Park, que vira e mexe recusa convites de empresários para trabalhar em pesquisas com própolis visando à exportação. Quando um colega americano insistiu em patentear uma amostra de própolis capaz de inibir o vírus da Aids, Park rompeu relações e publicou o trabalho para a comunidade científica: "Não sou comerciante, sou professor".

Crescimento econômico vertiginoso do Brasil está atraindo americanos - Brazil’s Boom Draws Americans Eager to Profit -

NOTA DO BLOGUEIRO:
 Recebi essa matéria e me sinto na obrigação de repassa-la, pois é um chamado a reflexão de alunos e mestres, temos que trabalhar estudar com afinco, pois espaços existem e estão sendo ocupados por estrangeiros, tudo bem, mas esse espaço é nosso. Dos brasileiros, precisamos recupera-lo.

13/08/2011 -
The New York Times -
Simon Romero - Myrna Domit, em São Paulo, contribuiu com reportagem.

            Refletindo sobre as tempestades financeiras que açoitam a Europa e os Estados Unidos, Seth Zalkin, um banqueiro americano vestido de modo casual, bebia em uma pequena xícara e parecia contente com sua decisão de se mudar para cá em março, juntamente com sua esposa e filho.
          “Se o resto do mundo está indo para o buraco, este é um bom lugar para se estar”, disse Zalkin, 39 anos.
          Para aqueles com mesmo uma vaga lembrança da própria crise da dívida do Brasil nos anos 80, a ordem global parece ter virado de cabeça para baixo. A economia americana pode estar rastejando, mas o Brasil apresentou sua maior taxa de crescimento em mais de duas décadas no ano passado e o desemprego está em níveis baixos recordes, parte da transformação do país de uma pilha de nervos inflacionária em um dos principais credores de Washington.
         Com salários rivalizando os de Wall Street, tantos banqueiros, administradores de fundo hedge, executivos do petróleo, advogados e engenheiros estrangeiros se mudaram para cá que os preços dos espaços de ponta para escritórios ultrapassaram os de Nova York neste ano, tornando o Rio uma das cidades mais caras para se alugar nas Américas, segundo a imobiliária Cushman & Wakefield.
              A mentalidade de corrida do ouro está a pleno vapor, com os pedidos de permissão de trabalho para estrangeiros aumentando 144% nos últimos cinco anos e os americanos liderando o grupo de profissionais com ensino superior disputando seu espaço.
         Empresários há muito são atraídos pelo Brasil, juntamente com homens com desejo de enriquecer rapidamente, sonhadores com a grandeza do Amazonas e até mesmo fora-da-lei como Ronald Biggs, o inglês que fugiu para cá após o Grande Roubo de Trem de 1963.
          Mas agora as escolas que atendem aos americanos e outras famílias de língua inglesa apresentam longas listas de espera, os apartamentos podem custar US$ 10 mil por mês em áreas nobres do Rio e muitos dos recém-chegados possuem diplomas da elite das universidades americanas ou experiência de trabalho nos pilares da economia global.
             Assim que chegam aqui, eles encontram um país diante de um desafio muito diferente do que os Estados Unidos e a Europa: temores de que a economia esteja aquecida demais.
          Um choque em particular para os recém-chegados é a força da moeda brasileira, o real. Isso pode ajudar muitos brasileiros a comprar apartamentos em lugares como South Beach, em Miami, onde as propriedades custam aproximadamente um terço de suas equivalentes nos bairros nobres do Rio. Mas também prejudica a indústria e os exportadores do país.
           Assim, em uma tentativa de impedir uma valorização ainda maior, o Brasil atualmente é um dos maiores compradores de títulos do Tesouro americano, tornando-se um grande credor da economia americana em dificuldades. Isso representa uma grande mudança em relação ao passado, quando Washington ajudava a elaborar pacotes de resgate para as crises financeiras do Brasil.
          “O Brasil está indo muito bem, mas, honestamente, toda semana eu me pergunto: ‘Quando isto vai acabar?’” disse Mark Bures, um executivo americano de 42 anos que se mudou para cá em 1999, a tempo de ver uma desvalorização abrupta da moeda e outras fortes oscilações na sorte do Brasil.
           Alguns poucos americanos veteranos até mesmo se lembram do último “milagre” econômico do Brasil, no início dos anos 70, quando o “The Wall Street Journal” citou um banqueiro entusiasmado no início de um artigo de primeira página, que previu: “Em 10 anos, o Brasil será uma das cinco maiores potências do mundo”. Em vez disso, o país acabou com níveis intimidantes de dívida externa.
      O recente boom dos commodities e o crescimento do consumo doméstico, resultado do crescimento da classe média, ajudou a transformar o Brasil em uma potência em ascensão, que se recuperou facilmente da crise financeira global de 2008. A economia cresceu 7,5% no ano passado e deverá registrar um crescimento de 4% neste ano –menor, mas ainda assim invejável nos Estados Unidos.
          Mas o Brasil oferece muitos desafios aos recém-chegados. A legislação trabalhista favorece a contratação de brasileiros em vez de estrangeiros, e o demorado processo de obtenção do visto de trabalho pode surpreender aqueles desacostumados à imensa burocracia brasileira.
          Alguns economistas consideram o real brasileiro como sendo a moeda mais sobrevalorizada do mundo frente ao dólar e a inflação está subindo (como fica evidente pelos Big Macs a US$ 6,16 e martinis a US$ 35). As taxas de juros permanecem teimosamente altas e os analistas debatem se uma bolha de crédito está se formando, à medida que os consumidores continuam comprando de tudo, de casas a carros, em financiamentos de muitos anos.
          O Brasil não está imune à turbulência nos mercados globais e sua moeda enfraqueceu um pouco neste mês. Os imóveis no Rio estão em alta à medida que a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016 se aproximam, mas sua infraestrutura é inadequada. O crime violento, apesar de em queda em algumas áreas, atormenta grandes partes do país e o Rio, que passou por um sequestro traumático de ônibus neste mês.
          Mesmo assim os estrangeiros continuam chegando, e os vistos de trabalho para eles saltaram mais de 30% apenas em 2010, segundo o Ministério do Trabalho.
          “Meu português era muito básico, mas dava para ver que havia um boom aqui”, disse Michelle Noyes, uma nova-iorquina de 29 anos que organizou uma conferência de fundo hedge em São Paulo. Logo depois, ela se mudou para o Brasil, para um emprego em uma firma de gestão de ativos em São Paulo.
         “Eu me mudei da periferia do setor para o centro”, disse Noyes, citando cinco outros americanos, dois de Nova York e três de Chicago, que estão se mudando para o Brasil neste mês para arriscar sua sorte.
       Os americanos formam o maior grupo em mudança para cá, seguidos por britânicos e outros europeus. Alguns possuem trabalhos temporários. Outros estão abrindo empreendimentos grandes e pequenos.
       David Neeleman, o fundador americano da JetBlue Airways, criou recentemente a Azul, uma companhia aérea de baixo custo brasileira. Corrado Varoli, um italiano que supervisionou as operações latino-americanas do Goldman Sachs em Nova York, agora dirige seu próprio banco de investimento butique em São Paulo. Novas pontocoms brasileiras, como a Baby.com.br, uma empresa de varejo online de produtos para bebês, foi aberta neste ano por dois primos americanos, recém-formados em faculdades de administração e negócios como Wharton e Harvard, às vezes dão ao Brasil uma sensação não diferente daquela dos Estados Unidos em 1999.
          Outros estrangeiros arrumam empregos em empresas brasileiras que estão prosperando com o boom parcialmente criado pelo comércio do Brasil com a China.
        “Nossos salários aqui no Brasil são pelo menos 50% maiores do que os salários nos Estados Unidos para posições estratégicas”, disse Jacques Sarfatti, gerente para o país da Russell Reynolds, uma empresa de recrutamento de executivos.
          Os estrangeiros estão disputando vagas com os brasileiros que voltam do exterior. “Está óbvio que o mercado de trabalho está muito ruim em outros lugares”, disse Dara Chapman, uma californiana de 45 anos que é sócia de um fundo hedge do Rio, o Polo Capital. Ela disse que recebe muitos currículos de pessoas nos Estados Unidos com interesse em se mudar.
         As imensas descobertas pelo Brasil de petróleo em águas profundas também atraíram investidores e estrangeiros, incluindo milhares de filipinos que trabalham em navios e plataformas de petróleo em alto-mar. Para suas outras indústrias, o Brasil precisa de aproximadamente 60 mil novos engenheiros, parte deles precisando vir do exterior, dado o atraso do sistema educacional do Brasil.
         “Eu vim de Pequim há um ano e encontrei um potencial incrível para desenvolvimento profissional”, disse Cynthia Yuanxiu Zhang, 27 anos, uma gerente chinesa de uma empresa de tecnologia. “Eu já estou planejando prolongar minha estadia aqui esta década adentro.”


Original no NYT:
August 13, 2011 
(NYT) WORLD / AMERICAS
By SIMON ROMERO
Brazil’s Boom Draws Americans Eager to Profit
The turnaround from the nation’s days as a major debtor nation has also attracted Brazilians back from abroad.
http://www.nytimes.com/2011/08/13/world/americas/13brazil.html?emc=tnt&tntemail0=y

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Mais empresas serão beneficiadas pelo Simples

        O governo da presidenta Dilma Rousseff decidiu que um número maior de pequenas e microempresas poderá se beneficiar do Simples, o sistema de pagamento de impostos. Hoje foi acertado um acordo de Dilma com a Frente Parlamentar Mista das Micro e Pequenas Empresas no Congresso Nacional, que possibilita a ampliação do Simples Nacional por meio de um projeto de lei.
          A proposta aumentou de R$ 36 mil para R$ 60 mil o teto da receita bruta anual do empreendedor individual que usa o Simples. Para a microempresa, o valor subiu de R$ 240 mil para R$ 360 mil. Para a pequena empresa, o reajuste foi de R$ 2,4 milhões para R$ 3,6 milhões, o que representa uma elevação de 50%.
          “A ampliação do SuperSimples e do Microempreendedor Individual é algo importante para o nosso país por vários motivos. O primeiro grande motivo é o fato de que, num país com a nossa população, com as nossas riquezas, o empresariado que dirige pequenas empresas, ele constitui a base do tecido social que permite que nós caminhemos cada vez mais para nos tornarmos um país de classe média”, disse a presidenta, em solenidade no Palácio do Planalto.
Parcelamento de dívidas
          Outra medida é o parcelamento da dívida tributária para os empreendedores que estão enquadrados no Simples Nacional, o que até agora não era permitido. O prazo de pagamento será de até 60 meses.
          O ministro Guido Mantega informou também que será suspensa a necessidade de declaração anual do Simples Nacional. Para substituí-la, as declarações mensais serão consolidadas pela Receita Federal. “Essa ampliação vai no sentido de abranger um número maior de empresas que estariam agregadas naquele que é o regime tributário mais moderno que nós temos no país”, disse.
Outro ponto negociado entre o governo e parlamentares é a permissão para que micro e pequenas empresas possam exportar sem sair do Programa do Simples Nacional o mesmo valor comercializado no mercado brasileiro.
Saiba como funciona o Simples
        O Simples é um sistema simplificado de cobrança de impostos para micro e pequenas empresas que vigora há mais de quatro anos. Até agora, 5,2 milhões aderiram ao programa, o que, segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), representa 88% das micro e pequenas empresas do país.
          O Simples unifica oito tributos da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios – o Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), PIS/Pasep, Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), Imposto sobre Serviços (ISS) e a Contribuição para a Seguridade Social destinada à Previdência Social a cargo da pessoa jurídica.
         O programa é administrado por um Comitê Gestor composto por oito integrantes da Secretaria da Receita Federal do Brasil, dos estados e do Distrito Federal e dos municípios. Para entrar no Simples Nacional é necessário ser microempresa ou empresa de pequeno porte.

* com informações da Agência Brasil.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

“Inovar para competir. Competir para crescer”

           Esse é o slogan do plano Brasil Maior, lançado nesta terça-feira pela presidenta Dilma Rousseff em cerimônia no Palácio do Planalto. A nova política industrial reduziu a zero a alíquota de 20% para o INSS dos setores de confecções, calçados, móveis e softwares. Com isso, as empresas terão uma economia de R$ 25 bilhões por um período de dois anos.

           “Essas medidas são o nosso primeiro passo em direção a aumentar a competitividade do Brasil, a partir da inovação, da exigência de agregação de valor e do combate a práticas fraudulentas reais no que se refere à concorrência”, disse a presidenta Dilma após o lançamento.   

           O Brasil Maior prevê, ainda, uma série de ações iniciais que vão desde a redução de custos para as exportações, com a criação do Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para as Empresas Exportadoras (Reintegra), até a regulamentação da Lei de Compras Governamentais, passando pelo fortalecimento da defesa comercial contra importações irregulares de produtos.
 
           A medida funcionará como um projeto piloto até dezembro de 2012 e seu impacto será acompanhado por uma comissão formada por governo, setor produtivo e sociedade civil.
Conheça todos os pontos do Brasil Maior.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

ANDAMENTO DAS OBRAS DO PAC 2 - UMA VISÃO DIFERENTE DA GLOBO

sábado, 30 de julho de 2011

Acesse o gráfico em:
http://www.tijolaco.com/wp-content/uploads/2011/07/pac2.jpg

          A reportagem exibida ontem pelo Jornal Nacional [ http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2011/07/primeiro-relatorio-do-pac-no-governo-dilma-revela-atraso-nas-obras.html ] é um primor de “urubologia”.Com uma edição digna de programa eleitoral do PSDB, com números negativos exibidos em computação gráfica e imagens de obras supostamente paradas.
          Numa tentativa de transformar o sucesso em fracasso, não há uma palavra sobre 89% das obras monitoradas  estarem em ritmo adequado, enquanto 8% estão em estado de atenção, 2% têm execução preocupante e 1% já foi concluído, até porque são obras pesadas, que não se fazem com um estalar de dedos. Esse é o número em valor, o critério mais adequado, porque não distorce o quadro, misturando pequenas obras com grandes projetos.
         Em resumo: 90% está dentro do planejado e 10% apresenta problemas. Mas a Globo faz matéria apenas sobre os 10%.
          Nem uma palavra sobre já estarem contratados R$ 25 bilhões para obras de saneamento, 87%  deles em obras cuja execução está em torno de 50% realizada.

           Nem um segundinho para a informação de já entraram no sistema elétrico brasileiro 2 mil megawatts gerados por obras do PAC 2. Ou que 83% dos projetos de urbanização em áreas precárias estão em andamento, satisfatoriamente.

         Mas muito tempo para o senador Alvaro Dias – aquele vice “viúva Porcina” de Serra, o que foi sem nunca ter sido – e para um economista da “Contas Abertas” (aquela mesmo cujos fundadores estiveram às voltas com os problemas panetônicos do Governo de José Roberto Arruda, no Distrito Federal.

          A gente posta aí em cima o vídeo da apresentação feita pela Ministra do Planejamento, Miriam Belchior, para você ver, em detalhes, o que a emissora não deu. Quem quiser ter acesso ao balanço completo, pode acessá-lo aqui.
          A Globo, por aí, vai sangrar na veia da saúde do Governo Dilma.

          Porque ela pode ter defeitos, mas um deles certamente não é o de ser incapaz ou tolerante com atrasos e incompetência na gestão de projetos.

Mas isso tem dois aspectos bons.

          O primeiro, que a Globo pode distorcer a realidade, mas não é capaz de revogá-la.

          O segundo, o de que está se encarregando de mostrar que a comunicação do governo não pode ser baseada no que a grande mídia chama de “liberdade de expressão”, que é ela falar sozinha.

          Quem sabe assim o pessoal de lá se convence de que precisa falar claro, mostrar os fatos e dar à imensa rede de solidariedade ao projeto que Dilma os meios para combater a “urubologia” global?