22/05/2010 - 10:52
Balaio do Kotscho
Mais do que o empate (37 a 37), com a subida de Dilma e a queda de
Serra, agora finalmente admitido também pelo Datafolha, foi a imediata
mudança no discurso do candidato tucano que mais me chamou a atenção no
noticiário político deste sábado.
Ao
mesmo tempo em que se consolida a imagem de Dilma-Lula, acaba a versão
“Serrinha Paz e Amor”, com elogios a Lula e ao governo, adotada pelo PSDB
desde a largada para as Eleições 2010. Ontem à noite mesmo, certamente já
sabendo dos números do Datafolha, Serra voltou ao figurino original.
Atacou
duramente o PT e até colocou em dúvida a existência de Deus: “Se aquele que era
o guardião da moral, da ética, do antipatrimonialismo toma outro rumo, o rumo
oposto, para muita gente Deus morreu”. Se falar em “momento mais
patrimonialista da nossa história” vai ou não lhe render votos, não se sabe,
mas é certo que daqui para a frente o tom será outro.
Em
encontro com seus aliados do PPS de Roberto Freire, na noite de sexta-feira,
Serra saiu dos cuidados recomendados por seus marqueteiros e criticou duramente
a política econômica, um dos esteios da popularidade do presidente Lula, que
bateu novo recorde no Datafolha (foi a 76%):
“Nós estamos voltando rapidamente a um modelo
(voltado exclusivamente para o setor agrícola para exportação) que não atende à
demanda de emprego que o país possui. Nós precisamos de uma economia que
desenvolva não apenas o setor primário”.
O que aconteceu, afinal, para justificar esta
guinada dos resultados do Datafolha e, em consequência, do discurso do
candidato da oposição? Segundo o diretor do Datafolha, Mauro Paulino, foi a
televisão:
“O
principal fato que pode ser apontado como responsável por essa alta da
candidata é o programa partidário de TV que o PT apresentou recentemente” .
Sem
tirar o mérito do competente programa do PT criado por João Santana na semana
passada, em que o presidente Lula apresentou Dilma Rousseff como a sua
candidata para dar continuidade às políticas do governo, o fato é que esta
identificação por parte do eleitorado era só uma questão de tempo, como já
vinha sendo mostrado pelas pesquisas Vox Populi e Sensus, divulgadas
anteriormente. O programa serviu para apressar este tempo, antecipar uma
tendência.
Na
minha recente viagem pelo Nordeste, deu para perceber nas conversas com
eleitores, principalmente nas cidades mais pobres do sertão, que muita gente
ainda não sabe nem que teremos eleições presidenciais em outubro, muito menos
quem são os candidatos. Alguns chegaram a falar vagamente que votariam na
“mulher do Lula”, sem saber de quem se trata.
Se
na pesquisa estimulada do Datafolha os dois principais candidatos chegam ao
final de maio em situação de empate, abriu-se para cinco pontos a diferença na
espontânea, agora fora da margem de erro: Dilma foi de 13 para 19, enquanto
Serra subia de 12 para 14. Acrescente-se a isso o fato de 5% dos eleitores
ainda terem intenção de votar em Lula, mais 3% que querem votar no “candidato
de Lula” e mais 1% no “candidato do PT”.
Somados estes votos, que fatalmente irão para
Dilma, quando todos forem informados de que ela é a candidata de Lula, a
ex-ministra já poderia estar com 28% na espontânea neste momento.
Pela primeira vez, o Datafolha só trouxe notícias
boas para Dilma e péssimas para Serra. Na rejeição, o índice de Dilma caiu de
24 para 20%, enquanto Serra subia de 24 para 27%. Na projeção de segundo turno,
em que a pesquisa anterior, de abril, apontava uma diferença de 10 pontos a
favor de Serra (50 a
40), agora Dilma aparece um ponto à frente (46 a 45).
Mais à
vontade no papel de candidata, com menos gente dando palpite e falando em nome
dela no comando da campanha, como eu já havia constatado no post anterior
(“Virou de novo vento da campanha eleitoral”), tanto nos números das pesquisas
como na sua atitude diante das platéias, Dilma inverteu os papéis com Serra,
que começou melhor na largada, mas agora vai ter que rever toda sua estratégia.
É disto que falaremos nos próximos dias. Agora,
será a vez de Serra e seus aliados ocuparem a televisão. Se o programa do PT se
preocupou apenas em fazer de Lula o grande cabo eleitoral de Dilma, o que
poderá dizer o programa do DEM na próxima semana?
Que Serra é o candidato de Rodrigo e Cesar Maia? Ou
o PPS dirá que Serra é o candidato de Roberto Freire? E o do PSDB? Dirá que
Serra é candidato de quem? Do próprio Serra, já que não é recomendável lembrar
de FHC?
A campanha do candidato da oposição, que parecia
caminhar tão bem, segundo o noticiário político, chega a uma
encruzilhada. Já que não convém bater em Lula e no governo, que são
rejeitados por apenas 5% da população, segundo o Datafolha, a única esperança
de apresentar um fato novo na campanha para reverter a “onda Dilma”, que
já começa a se formar, será convencer Aécio Neves a aceitar o papel de
vice. Mesmo que ele aceite, o que parece improvável, já pode ser tarde demais.
Em campanhas presidencias, quando se começa a
formar uma onda, como aconteceu com Fernando Henrique Cardoso e seu Plano Real,
em 1994, ou com Lula e seu grito de mudança, em 2002, fica muito difícil
detê-la. Os números das últimas pesquisas, confirmados agora pelo Datafolha,
mostram um quadro que pode se tornar irreversível à medida em que o eleitorado
tomar conhecimento de quem é candidato de quem e o que cada um representa.
eu acho q dilma e o lula sao uma merda....
ResponderExcluireu voto no serra...
Já eu acho q Dilma, Lula e o Serra são umas merdas..
ResponderExcluirEu voto na Marina..