Às vésperas da eleição presidencial deparamos com uma primeira página do
jornal O Globo(02/10/10) que no mínimo é um acinte para com os leitores atentos.
Para um veículo que se diz nas mãos de um grupo ético, como é o discurso dos
que trabalham para e pela rede globo, essa primeira página pegaria até mal, se
já não fosse o esperado.
“Destino dos votos dados a
fichas-sujas ainda é incerto” é a manchete. “TSE deve desfazer confusão só depois das eleições de amanha” é a
informação que vem abaixo. O lado direito da página é preenchido com o texto
que diz respeito à matéria, onde aparecem nomes de alguns candidatos que
poderão ser barrados pela Lei da Ficha Limpa, a exemplo de Paulo Maluf e
Anthony Garotinho.
Inexplicavelmente o editor
achou por bem não perder espaço nessa primeira página, e para aproveitar bem cada
milímetro, no centro da página, colada com a manchete acima, aparece a foto da
candidata DILMA, em um acontecimento em família: o batizado do neto. Na
sequência aparecem duas outras fotos: uma de MARINA e a outra de SERRA. Abaixo
da sequência de fotos vem a informação:” Dilma
vai à igreja, Marina canta e Serra dança”, tratando do que fizeram os
candidatos melhores colocados para a disputa à presidência, no dia seguinte ao
encerramento da campanha na mídia.
Os detalhes são importantes: a foto de MARINA é um pouco menor do que a
de SERRA, e as duas juntas (Marina cantando o Hino Nacional e Serra dançando ao
som do jingle da sua campanha) ocupam um espaço um pouco menor que a foto de
DILMA. Se questionado, o editor bonzinho
pode dissertar sobre uma lógica utilizada para as fotos: o tamanho de cada uma
delas está proporcional aos percentuais de intenção de voto conquistados pelos
candidatos.
No jornal dobrado, forma em que ele fica nas bancas e que chega às mãos
do leitor, só se vê a foto (grande) de Dilma, isso porque as fotos de MARINA e
SERRA ficam na segunda metade do todo da página. Olhos na manchete, olhos na
foto - é automático. Só depois de se fazer a leitura da coluna da direita do
jornal é que se consegue dissociar uma coisa da outra.
Talvez alguns fazendo esta análise que faço possam dizer bondosamente que
o editor não pecou tecnicamente – que ele de fato só buscou trazer para a primeira
página assuntos pertinentes ao dia. Como o espaço é pouco... Acabou parecendo
que ficou tudo junto e misturado. Mas, como já aprendemos a algum tempo, no
Brasil existem três poderes oficiais e um quarto poder extra-oficial que é a “imprensa”
intocável.
Claudina Dias.
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