BBC
Brasil
O jornal britânico Financial Times traz em sua edição
desta quinta-feira um caderno especial dedicado a oportunidades de investimento
no Brasil em que chama o país de "superpotência agrícola pronta para alimentar o
mundo" mas aponta para deficiências no setores de infra-estrutura e educação
[ http://www.ft. com/reports/ invest-brazil- 2009 ].
Lembrando que o país foi um dos que se saiu melhor na recessão, e
que muitos de seus setores não foram sequer afetados, o FT afirma que
se o Brasil mantiver o rumo de sua política econômica e social e se não houver
outra grande recessão no mundo, o mais provável é que continue no caminho do
crescimento, apresentando uma série de oportunidades de investimento em
diferentes setores.
“O sucesso demorou muito tempo a chegar e a noção de que o país
está mudando está alcançando os brasileiros a um ritmo lento”, afirma a
reportagem de abertura, explicando que a classe média emergente – que este ano,
pela primeira vez, corresponde a mais da metade da população, segundo dados do
governo - é uma das forças por trás deste crescimento.
O jornal diz que o país, "maior exportador mundial de carne,
frango, suco de laranja, açúcar, etanol, tabaco e soja", se consolidou nas
últimas duas décadas como superpotência agrícola, e que esse status se deve à
modernização e ganhos em eficiência.
O FT lembra ainda que, apesar dos fortes influxos de
investimentos no país, para alcançar seu potencial, ainda são necessárias
mudanças no país.
“O Brasil precisa de muito mais, não apenas para se preparar para a
Copa do Mundo de 2014 e para as Olimpíadas de 2016. Estradas, ferrovias, portos,
energia e outras infra-estruturas vitais precisam de expansão e
modernização.”
O jornal lembra que o setor de educação, por exemplo, é um dos que
precisa melhorar, e que os níveis de escolaridade no país ainda deixam a desejar
em comparação a outros na região e em situação semelhante, como a China ou a
Coreia do Sul.
Segundo o FT, ainda existe também uma diferença muito
grande entre a região Nordeste e o resto do país e aponta para o forte - e ainda
pouco explorado - potencial do setor de turismo.
O diário elogia os setores de agricultura, bancos, mercado de
capitais e ainda elogia o programa de transferência de renda bolsa família,
afirmando que ele faz “diferença real”.
Preocupação
Para o jornal, os investidores estarão atentos a mudanças no país,
e casos recentes, que demonstram maior intervenção do Estado na economia, podem
ser vistos como motivo de preocupação.
O FT cita especificamente a criação de uma nova empresa
para explorar as reservas do pré-sal, e a pressão sobre a Vale para que
diversifique seus investimentos.
“No pior dos casos, a combinação de um aprofundamento da crise
global e uma mudança na política poderia levantar barreiras no que parece ser um
caminho certo para um crescimento mais rápido”, diz a reportagem.
“Mas por agora, parece improvável que essas preocupações tirem o
país do rumo”, conclui.
O FT traz reportagens sobre setor bancário, mercados de
capitais, meio ambiente, turismo, políticas sociais, Nordeste, açúcar,
agricultura, mineração, petróleo, energia, educação, infra-estrutura, moda, e
sobre o medo da violência depois que o Rio foi escolhido como a sede das
Olimpíadas.
Apesar do cenário ainda indefinido em relação à sucessão do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o jornal diz que dificilmente um dos dois
principais pré-candidatos até agora (a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff e
o governador de São Paulo, José Serra) vai mudar os rumos do país
drasticamente.
“O desempenho ruim e as dúvidas em relação a si mesmo vão
persistir”, diz o jornal, “mas o enorme potencial do país e seus tremendos
recursos naturais e humanos estão finalmente chegando perto de alcançar o futuro
brilhante que não muito tempo atrás parecia destinado a permanecer para sempre
fora de alcance”.
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