É impossível
sermos educadores, agentes que fomentam a educação sem nos relacionarmos com
posições divergentes. Isso não quer dizer que não se tem lado, claro que temos
e é bom que seja assim porque todo aquele que diz não ter lado é um alienado,
ou melhor, é um enganador de si mesmo, é um ser que não existe.
Como eu existo e quero ter a ousadia de ser um
agente transformador, lá pelos inicio da década de 70, nos engajamos na luta de
combate a ditadura militar que alienava e eliminava quem ousava divergir
daquele regime em vigor, depois no inicio dos anos 80 nos engajamos no
movimento sindical. Naquela época dos telefônicos fomos da oposição sindical em
81, 83 e entramos pro sindicato em 86 e saímos em 97, foram 11 anos de uma
excelente formação, só para se ter uma idéia foi nesse período que se criou em São Paulo o Instituto
Cajamar, uma escola da CUT – Central Única dos Trabalhadores, que se pretendia
na época ser a Universidade do Trabalhador logo em seguida criou-se em Minas Gerais a Escola
7 de Outubro, com os mesmos propósitos. Nós os telefônicos do Rio de Janeiro
devido a nossa aproximação politica com os telefônicos de Minas Gerais fizemos
muito mais cursos, treinamentos e principalmente planejamentos na escola 7 de
Outubro que no Cajamar, eu particularmente só fiz dois treinamentos no
instituto Cajamar e algumas dezenas na Escola 7 de Outubro.
Creio que foi
aí que surgiu nossa paixão pela Educação, aprendemos nessa época a importância
da formação e da capacitação da Classe Trabalhadora. Era preciso formar
sindicalistas mais qualificados, melhorar a formação política de nossas bases,
mas isso era muito pouco, precisávamos mandar para o mercado de trabalho homens
e mulheres mais qualificados para as suas tarefas e também com consciência de
cidadania de seus direitos e deveres, isso virou para mim quase que uma
obsessão. Em 1998 fui convidado para dar
uns cursos no SENAI. Era tudo que queríamos “juntou a fome e a vontade de
comer’. Tarefa que nos empolgou e assumimos de corpo e alma, pois as condições
objetivas estavam dadas para interferir na base da transformação da sociedade.
E como lecionar precisava de aprimoramento fomos para a faculdade nos graduar
em pedagogia, que concluímos em 2006 na UNIG.
Toda essa
introdução foi necessária para resgatarmos o maior momento de aprendizagem de
nossa vida que foi ente os anos 80 e 90 no movimento sindical. Ali aprendi a me
relacionar com as posições divergentes, mais com respeito e firmeza de nossas
posições, negociar com patrões, sem se deixar influenciar por eles, não é fácil, cada campanha salarial, era precedida de
treinamentos, seminários, planejamentos a capacitação era a espinha dorsal do sucesso das negociações. Nosso grupo era
rigoroso, quem participava dos treinamentos não sentava nas mesas de
negociação, não estava habilitado, não tinha formação.
Daí nasce em
nós à consciência, o desejo e a busca pela formação. E mais ainda a capacidade
de absolvermos as critica, pois aprendemos que é para responde-las temos que
aprofundar mais em nossas convicções, literalmente temos que ser mais radicais,
irmos às raízes do que pensamos, até para em alguns casos possamos rever esses
pensamentos ou cristaliza-los.
Esses
princípios; a capacidade de absolver critica e a busca das respostas a elas, são a base de uma formação livre e soberana da
sociedade em que atuamos, vivemos e buscamos
transformar, não há educação sem questionamento, temos que questionar tudo,
tudo mesmo, temos que ter a capacidade de enxergar por traz das noticias, das
informações só assim motivaremos nossos alunos, nossos educandos a irem fundo
na busca, nas pesquisas para aí sim construir a liberdade de pensar e formular.
Portanto
entendemos que educação é isso, o construir coletivo no ambiente de
pluralidade, de troca que só é possível se houver interação e inter-relação,
num ambiente onde o novo surge a todo o momento e não podemos ter medo dele.
O ser humano
não é um robô para ser teleguiado, monitorado, vigiado ele precisa de liberdade
de ação, ver, ler, ouvir, trocar e consequentemente construir. É claro que isso
não significa não ter lado, nós por principio somos: Marquixista, gramscinianos e freiriano
tudo isso sem partidarismo, mais filiados a partido político e afinados com
grupo. Porém, a educação esta acima das divergências.
Paulo Roberto Pereira
Gomes
Dá-lhe, Paulinho!
ResponderExcluirQue bom ler o resgate que você fez de um pouco da história do Movimento Sindical mais perto de nós. Viajei!
Um abraço.