Olha aí
que interessante!
A
jabuticaba, nossa pequena notável! Fruta 100% brasileira
É dela que vamos falar.
Discreta
no quintal de nossa casa, ela contém teores espantosos de
substâncias protetoras do peito. Ganha até da uva, e provavelmente do vinho que é festejado no mundo inteiro por evitar infartos.
Você vai conhecer agora uma revelação científica,
e das boas, que acaba de cair do pé.
Por Regina Pereira
A química Daniela Brotto Terci nem estava
preocupada com as coisas que se passam com o coração. Tudo o que ela
queria, em um laboratório da Universidade
Estadual de Campinas (Unicamp), no interior paulista, era encontrar na
natureza pigmentos capazes de substituir os corantes artificiais usados
na indústria alimentícia.
E, claro, quando se fala em cores a jabuticaba
chama a atenção Roxa? Azulada? Cá entre nós, jabuticaba tem cor de...
jabuticaba.
Mas o que tingiria a sua casca? A cientista quase
deu um pulo para trás ao conferir: "enormes porções de
antocianinas", foi a resposta
Desculpe o palavrão, mas é como são chamadas
aquelas substâncias que, sim, são pigmentos presentes nas uvas escuras
e, conseqüentemente, no vinho tinto, apontados como grandes benfeitores
das artérias.
Daniela jamais tinha suspeitado de que havia
tanta antocianina ali, na
jabuticaba, aliás, nem ela nem ninguém.
“Os trabalhos a respeito dessa fruta são muito
escassos”, tenta justificar a pesquisadora, que também mediu a dosagem
de antocianinas da amora.
Ironia, o fruto da videira saiu perdendo no
ranking, enquanto o da
jabuticabeira...
Dê só uma olhada (o número representa a
quantidade de miligramas das benditas antocianinas por grama da fruta):
As antocianinas dão o tom. 'Se um fruto tem
cor arroxeada é porque elas estão ali', entrega a nutricionista Karla Silva,
da Universidade Estadual do Norte Fluminense, no Rio de Janeiro.
No reino vegetal, esse tingimento serve para
atrair os pássaros.
E isso é importante para espalhar as sementes e
garantir a perpetuação da espécie', explica Daniela Terci, da Unicamp.
Para a Medicina, o interesse nas antocianinas é
outro. “Elas têm uma potente ação antioxidante”, completa a
pesquisadora de Campinas. Ou seja, uma vez em circulação, ajudam a
varrer as moléculas instáveis de radicais livres. Esse efeito, observado em
tubos de ensaio, dá uma pista para a gente compreender por que a incidência
de tumores e problemas cardíacos é menor entre consumidores de alimentos
ricos no pigmento.
Ultimamente surgem estudos apontando uma nova
ligação: as tais substâncias antioxidantes também auxiliariam a
estabilizar o açúcar no sangue dos diabéticos.
Se a maior concentração de antocianinas está na
casca, não dá para você simplesmente cuspi-la. Tudo bem, engolir a capa preta
também é difícil. A saída, sugerida pelos especialistas, é batê-la no preparo
de sucos ou usá- la em geléias.
A boa
notícia é que altas temperaturas não degradam suas
substâncias benéficas.
Os sucos, particularmente, rendem experiências
bem coloridas. A
nutricionista Solange Brazaca, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), em Piracicaba, interior paulista, dá lições que parecem saídas da alquimia. “Misturar a jabuticaba com o abacaxi resulta numa bebida azulada”, ensina. “Já algumas gotas de limão deixam o suco avermelhado”. As variações ocorrem devido a diferenças de pH e pela união de pigmentos ácidos.
Mas vale lembrar a velha máxima saudável: bateu,
tomou. “Luz e oxigênio reagem com as moléculas protetoras”, diz a professora.
Não é só a saúde que sai perdendo: o líquido fica com cor e sabor
alterados.
Aliás, no caso da jabuticaba, há outro
complicador. Delicada, a fruta se modifica assim que é arrancada da árvore.
“Como tem muito açúcar, a
fermentação acontece no mesmo dia da colheita”, conta a engenheira agrônoma Sarita Leonel, da Universidade Estadual Paulista, em Botucatu.
A dica é guardá-la em saco plástico e na
geladeira. Agora, para quem tem uma jabuticabeira, que privilégio!
A professora repete o que já diziam os nossos
avós: “Jabuticaba se chupa no pé”.
O
branco tem seu valor.
A bioquímica Edna Amante, do laboratório de
frutas e hortaliças da
Universidade Federal de Santa Catarina, destaca alguns nutrientes da parte branca e mais consumida da jabuticaba. “É na polpa que a gente encontra ferro, fósforo, vitamina C e boas doses de niacina, uma vitamina do complexo B que facilita a digestão e ainda nos ajuda a eliminar toxinas”.
Ufa! E não só nessa polpa, mas também na casca
escura, você tem excelentes teores de pectina. “Essa fibra tem sido muito
indicada para derrubar os níveis de colesterol, entre outras coisas”, conta a
nutricionista Karla Silva. A pectina, portanto, faz uma excelente dobradinha
com as antocianinas no fruto da jabuticabeira. Daí o discurso inflamado dessa
especialista, fã de carteirinha: “A jabuticaba deveria ser mais valorizada,
consumida e explorada”.
Nós concordamos, e você?
A
jabuticabeira
Nativa do Brasil, ela costuma medir entre 6 e 9
metros e é conhecida desde o período do descobrimento. “A espécie é
encontrada de norte a sul, desde o Pará até o Rio Grande do Sul”, diz o
engenheiro agrônomo João Alexio Scarpare Filho, da ESALQ. Segundo ele, a
palavra jabuticaba é tupi e quer dizer “fruto em botão”.
A invenção é esta: vinho de jabuticaba. O nome
não deixa de ser uma espécie de licença poética, já que só pode ser
denominado vinho pra valer o que deriva das uvas. Mas, sim, existe um
fermentado feito de jabuticaba que, aliás, já está sendo exportado.
“O concentrado da fruta passa um ano inteiro em
barris de carvalho”, conta o farmacêutico-bioquímico Marcos Antônio Cândido,
da Vinícola Jabuticabal, em Hidrolândia, Goiás.
A jabuticaba é a matéria-prima de delícias já
conhecidas, como a geléia e o licor, e também de uma espécie de vinho. Quem
provou a bebida garante: é uma delícia.
Em
100 gramas ou 1 copo:
Tire proveito da jabuticaba
Atributos, para essa fruta tipicamente
brasileira, são o que não faltam.
Vitaminas, fibras e sais minerais aparecem nela
ao montes.
Agora, para melhorar ainda mais esse perfil
nutritivo, pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas
descobriram que ela está cheia de
antocianinas, substâncias que protegem o coração.
Mais uma razão para que a jabuticaba esteja
sempre em seu cardápio.
|
Paulo Roberto é Pedagogo, Sindicalista e Petista.
- Dever Cumprido
- Dever cumprido é fruto da ousadia de um velho militante das lutas democráticas e sociais do nosso Brasil, que entende que sem uma interação rápida, ágil, eficiente e livre com o que rola pelo mundo, a democracia é pífia.
terça-feira, 28 de dezembro de 2010
A NOSSA JABUTICABA, HEIN? QUEM DIRIA...
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