Nos últimos quatro anos, as escolas estaduais
do Rio têm recebido milhões em investimentos. Boa parte destes recursos
têm sido aplicados em reformas e construção de escolas e em projetos
que têm como objetivo equipar as unidades com recursos tecnológicos mais
modernos. Professores ganharam laptops, laboratórios de informática
foram reativados em toda a rede, sites específicos para complementar o
trabalho dos professores e para gerar interação maior entre os alunos
foram criados, aparelhos de ar condicionado foram instalados, mas,
apesar destas e outras ações, a qualidade do ensino ainda deixa a
desejar.
O indicador mais recente do quadro preocupante do ensino na rede estadual saiu na última segunda, dia 19. Um levantamento feito pela FOLHA DIRIGIDA a partir das médias dos alunos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2009 mostra que, das mil escolas com menores médias do Estado, 896 (quase 90%) são da rede pública estadual. A melhor da rede, o Colégio Estadual Horacio Macedo, está na posição 229 neste ranking, com média 625,64 pontos.
No extremo oposto, das mil melhores escolas, 331 são da rede estadual. No entanto, se o parâmetro fosse as 500 melhores, por exemplo, 37 seriam mantidas pelo governo do Estado. Excluídas as 12 deste grupo que fazem parte da Rede Faetec, administradas pelas Secretaria de Ciência e Tecnologia, cai para 25 o número de unidades onde os alunos tiveram médias maiores.
É comum educadores recomendarem cuidado ao avaliar uma política educacional a partir de um indicador como a média no Enem, principalmente por tratar-se de uma única prova. Mas, quando a análise dos dados mostra que a maioria dos colégios está entre que registraram pior desempenho, isto é, no mínimo, um sinal de que o quadro geral é preocupante.
É preciso investir mais no magistério, afirmam educadores
Os investimentos na reestruturação física e na modernização da rede são bem vistos por educadores. Mas, sozinhos, não trarão resultados em termos de melhoria da qualidade. Para a professora Nilda Teves, doutora em Educação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e ex-secretária estadual de Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro, é preciso avançar mais em termos de valorização do magistério, para a rede avançar.
"É importante, sim, estruturar escolas, criar laboratórios modernos. Mas também é preciso preparar professores. Nem todos estão capacitados para trabalhar em laboratórios com tecnologia moderna."
Além de investir em capacitação, a especialista destaca a necessidade de melhorar as condições salariais dos educadores. Hoje, o piso para um professor da rede estadual é de aproximadamente R$610, para quem atua em turmas da Educação Infantil ao 5° ano do fundamental. São quase R$200 a mais que os R$421 herdados em 2007, quando começou o atual governo. Porém, o valor ainda é considerado pouco atrativo para manter na rede os profissionais mais qualificados. Para um professor da rede Faetec, que também faz parte da estrutura do Estado, o menor salário é R$955,78, para 20 horas semanais. "Não é de se estranhar o desempenho das escolas da rede Faetec", diz Nilda Teves.
Para a educadora, além de aumentar o investimento nas condições salariais do magistério, é necessário criar incentivos maiores, em termos de carreira, para que os docentes busquem se especializar. "Tem de ter um quadro que investe no conhecimento para fazer mestrado e doutorado. Dar aula para ensino fundamental e médio é coisa muito séria. Trabalhar com alfabetização de crianças é complexo", comentou a professora.
A professora Bertha do Valle, do Departamento de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) também diz considerar importante o governo ter investido, nos últimos anos, para melhorar a infraestrutura física e disponibilizar recursos tecnológicos para as escolas. Porém, da mesma forma que Nilda Teves, ela ressalta que é preciso investir no magistério, pois, do contrário, os resultados acabam comprometidos.
"A questão da valorização dos professores é urgentíssima. Se tivermos mais escolas, teremos que ter mais professores e, se já não temos professores para as escolas existentes, como fazer se aumentarmos a rede?", questiona a professora Bertha.
Colaboração entre esferas do governo é fundamental
Das quatro redes de ensino, a estadual é aquela em que os alunos tiveram pior desempenho. A média das pontuações de todas as escolas mantidas pelo governo do Estado é 508,93 pontos. Em seguida, vêm as municipais, com 535,02 pontos, seguida pelas privadas, com 597,47 pontos. A maior média geral foi registrada nas escolas federais, com 653,70.
Um dos problemas apontados pelos educadores é o fato de boa dos alunos do ensino médio serem de turmas noturnas. Até por isto, uma das soluções esperadas pela professora Bertha do Valle, da Uerj, é a construção de escolas para abertura de vagas também nos turnos da manhã e da tarde. "Hoje, o Ensino Médio estadual está concentrado principalmente em horários noturnos, utilizando escolas municipais que funcionam durante o dia. Isto afasta os mais jovens que, muitas vezes, moram em regiões distantes da escola e a própria família não deixa que circulem à noite em locais perigosos. A evasão no Ensino Médio é altíssima", analisa.
Nilda Teves aponta outro problema que prejudica o rendimento dos alunos do turno da noite, em especial nas escolas compartilhadas com o governo municipal. As direções das unidades, que seguem filosofias diferentes, de acordo com suas redes, nem sempre interagem. Para ela, a solução para o problema da melhoria da qualidade na rede estadual passa pela união de esforços entre os governo, principalmente para aumentar o tempo de permanência do aluno no ambiente educacional.
"Não dá pra pensar que, por ter inaugurado escolas e incluído alunos, o dever está cumprido. A integração é fundamental para melhorar a qualidade, o grande desafio dos dias de hoje. É importante ter as três
esferas de governo, a municipal, estadual e federal, voltadas para trabalhar em prol dos adolescentes", completou Nilda Teves.
O indicador mais recente do quadro preocupante do ensino na rede estadual saiu na última segunda, dia 19. Um levantamento feito pela FOLHA DIRIGIDA a partir das médias dos alunos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2009 mostra que, das mil escolas com menores médias do Estado, 896 (quase 90%) são da rede pública estadual. A melhor da rede, o Colégio Estadual Horacio Macedo, está na posição 229 neste ranking, com média 625,64 pontos.
No extremo oposto, das mil melhores escolas, 331 são da rede estadual. No entanto, se o parâmetro fosse as 500 melhores, por exemplo, 37 seriam mantidas pelo governo do Estado. Excluídas as 12 deste grupo que fazem parte da Rede Faetec, administradas pelas Secretaria de Ciência e Tecnologia, cai para 25 o número de unidades onde os alunos tiveram médias maiores.
É comum educadores recomendarem cuidado ao avaliar uma política educacional a partir de um indicador como a média no Enem, principalmente por tratar-se de uma única prova. Mas, quando a análise dos dados mostra que a maioria dos colégios está entre que registraram pior desempenho, isto é, no mínimo, um sinal de que o quadro geral é preocupante.
É preciso investir mais no magistério, afirmam educadores
Os investimentos na reestruturação física e na modernização da rede são bem vistos por educadores. Mas, sozinhos, não trarão resultados em termos de melhoria da qualidade. Para a professora Nilda Teves, doutora em Educação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e ex-secretária estadual de Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro, é preciso avançar mais em termos de valorização do magistério, para a rede avançar.
"É importante, sim, estruturar escolas, criar laboratórios modernos. Mas também é preciso preparar professores. Nem todos estão capacitados para trabalhar em laboratórios com tecnologia moderna."
Além de investir em capacitação, a especialista destaca a necessidade de melhorar as condições salariais dos educadores. Hoje, o piso para um professor da rede estadual é de aproximadamente R$610, para quem atua em turmas da Educação Infantil ao 5° ano do fundamental. São quase R$200 a mais que os R$421 herdados em 2007, quando começou o atual governo. Porém, o valor ainda é considerado pouco atrativo para manter na rede os profissionais mais qualificados. Para um professor da rede Faetec, que também faz parte da estrutura do Estado, o menor salário é R$955,78, para 20 horas semanais. "Não é de se estranhar o desempenho das escolas da rede Faetec", diz Nilda Teves.
Para a educadora, além de aumentar o investimento nas condições salariais do magistério, é necessário criar incentivos maiores, em termos de carreira, para que os docentes busquem se especializar. "Tem de ter um quadro que investe no conhecimento para fazer mestrado e doutorado. Dar aula para ensino fundamental e médio é coisa muito séria. Trabalhar com alfabetização de crianças é complexo", comentou a professora.
A professora Bertha do Valle, do Departamento de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) também diz considerar importante o governo ter investido, nos últimos anos, para melhorar a infraestrutura física e disponibilizar recursos tecnológicos para as escolas. Porém, da mesma forma que Nilda Teves, ela ressalta que é preciso investir no magistério, pois, do contrário, os resultados acabam comprometidos.
"A questão da valorização dos professores é urgentíssima. Se tivermos mais escolas, teremos que ter mais professores e, se já não temos professores para as escolas existentes, como fazer se aumentarmos a rede?", questiona a professora Bertha.
Colaboração entre esferas do governo é fundamental
Das quatro redes de ensino, a estadual é aquela em que os alunos tiveram pior desempenho. A média das pontuações de todas as escolas mantidas pelo governo do Estado é 508,93 pontos. Em seguida, vêm as municipais, com 535,02 pontos, seguida pelas privadas, com 597,47 pontos. A maior média geral foi registrada nas escolas federais, com 653,70.
Um dos problemas apontados pelos educadores é o fato de boa dos alunos do ensino médio serem de turmas noturnas. Até por isto, uma das soluções esperadas pela professora Bertha do Valle, da Uerj, é a construção de escolas para abertura de vagas também nos turnos da manhã e da tarde. "Hoje, o Ensino Médio estadual está concentrado principalmente em horários noturnos, utilizando escolas municipais que funcionam durante o dia. Isto afasta os mais jovens que, muitas vezes, moram em regiões distantes da escola e a própria família não deixa que circulem à noite em locais perigosos. A evasão no Ensino Médio é altíssima", analisa.
Nilda Teves aponta outro problema que prejudica o rendimento dos alunos do turno da noite, em especial nas escolas compartilhadas com o governo municipal. As direções das unidades, que seguem filosofias diferentes, de acordo com suas redes, nem sempre interagem. Para ela, a solução para o problema da melhoria da qualidade na rede estadual passa pela união de esforços entre os governo, principalmente para aumentar o tempo de permanência do aluno no ambiente educacional.
"Não dá pra pensar que, por ter inaugurado escolas e incluído alunos, o dever está cumprido. A integração é fundamental para melhorar a qualidade, o grande desafio dos dias de hoje. É importante ter as três
esferas de governo, a municipal, estadual e federal, voltadas para trabalhar em prol dos adolescentes", completou Nilda Teves.
Para secretária, média do ensino médio regular foi
boa
Procurada pela FOLHA DIRIGIDA para comentar o desempenho dos estudantes da rede estadual do Rio no Enem, a secretária estadual de Educação, Tereza Porto, por intermédio de sua assessoria de imprensa, divulgou nota na qual informa ter considerado bom o resultado do Enem para as 701 escolas estaduais de ensino médio regular. Segundo o texto, a média, para estas unidades, foi de 530 pontos, portanto, acima da média estabelecida pelo Inep para avaliar o desempenho no exame, que é de 500 pontos.
Ainda segundo a nota da Secretaria, dois terços destas 701 escolas alcançaram médias superiores a 500 pontos, o que foi visto como fundamental para alcançar o resultado, considerado bom. O texto, porém,
não faz referência às pontuações registradas nas 155 escolas com turmas de Educação de Jovens e Adultos (EJA) e as 221 que têm turmas de ensino regular e de EJA, cujos alunos também fizeram o Enem e tiveram médias divulgadas.
Ainda segundo a Secretaria de Educação, com o objetivo de valorizar as escolas com melhor desempenho no Enem, por Coordenadoria Regional, o governo do estado anunciou um prêmio de 350.000 reais a serem aplicados nessas unidades. O órgão informou, ainda, que será iniciado, em agosto, a segunda edição do Reforço Novo Enem, desta vez para 28.000 alunos da rede estadual. O programa visa intensificar os estudos dos alunos que farão as o Enem este ano. Na nota oficial, a secretária de Educação afirma, ainda, que, a partir dos investimentos feitos nos anos de 2009 e 2010, em contratação e valorização dos profissionais, infraestrutura e modernização da rede, a tendência é que, nas avaliações dos próximos anos, os alunos tenham condições de apresentar melhores resultados.
Procurada pela FOLHA DIRIGIDA para comentar o desempenho dos estudantes da rede estadual do Rio no Enem, a secretária estadual de Educação, Tereza Porto, por intermédio de sua assessoria de imprensa, divulgou nota na qual informa ter considerado bom o resultado do Enem para as 701 escolas estaduais de ensino médio regular. Segundo o texto, a média, para estas unidades, foi de 530 pontos, portanto, acima da média estabelecida pelo Inep para avaliar o desempenho no exame, que é de 500 pontos.
Ainda segundo a nota da Secretaria, dois terços destas 701 escolas alcançaram médias superiores a 500 pontos, o que foi visto como fundamental para alcançar o resultado, considerado bom. O texto, porém,
não faz referência às pontuações registradas nas 155 escolas com turmas de Educação de Jovens e Adultos (EJA) e as 221 que têm turmas de ensino regular e de EJA, cujos alunos também fizeram o Enem e tiveram médias divulgadas.
Ainda segundo a Secretaria de Educação, com o objetivo de valorizar as escolas com melhor desempenho no Enem, por Coordenadoria Regional, o governo do estado anunciou um prêmio de 350.000 reais a serem aplicados nessas unidades. O órgão informou, ainda, que será iniciado, em agosto, a segunda edição do Reforço Novo Enem, desta vez para 28.000 alunos da rede estadual. O programa visa intensificar os estudos dos alunos que farão as o Enem este ano. Na nota oficial, a secretária de Educação afirma, ainda, que, a partir dos investimentos feitos nos anos de 2009 e 2010, em contratação e valorização dos profissionais, infraestrutura e modernização da rede, a tendência é que, nas avaliações dos próximos anos, os alunos tenham condições de apresentar melhores resultados.
FONTE: Sítio da Folha Dirigida
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