Déficit comercial em alta e arrecadação fiscal em baixa prenunciam desafios para 2015: A
balança comercial brasileira fechou a terceira semana do mês de
novembro com déficit de US$ 701 milhões, após registrar exportações de
US$ 3,838 bilhões (queda de 25% na média diária na comparação com o
mesmo período de 2013) e exportações de US$ 4,539 bilhões (queda de 2,5%
na média diária na comparação com o mesmo período de 2013). Com este
resultado, o mês de novembro deve registrar déficit, aumentando a
possibilidade de déficit também no acumulado de 2014, que até o momento
apresenta uma balança comercial deficitária de US$ 4,123 bilhões. Já a
arrecadação federal divulgada nesta manhã pela Secretaria da Receita
Federal somou R$ 106,215 bilhões em outubro, valor 1,33% menor que
arrecadação de outubro de 2013. Com este resultado, o governo já aponta a
possibilidade de a arrecadação federal apresentar crescimento real de
0% neste ano, repetindo a arrecadação de 2013. Isso se deve, em grande
medida, à redução na previsão de crescimento da economia brasileira, que
no último relatório bimestral de receitas estava estimada em 0,9% e
reduziu-se para 0,5% neste último relatório da Receita Federal. |
Comentário: A
veloz deterioração do saldo da balança comercial expõe as novas
condições de concorrência internacional e nossa fragilidade dentro deste
novo cenário, revelando o fracasso da estratégia liberal de inserção da
economia brasileira no mercado internacional, particularmente
patrocinada a partir da década de 1990. No caso das exportações, a
situação é grave, tendo em vista que a composição de nossas exportações
tem se deteriorado, se concentrando em produtos básicos de baixo valor
agregado, que enfrentam no momento uma queda em seu preço internacional
dado o regime de baixo crescimento mundial (particularmente a redução no
ritmo de crescimento da economia chinesa), o que ajuda a explicar a
expressiva queda no quantum exportado. As importações, que também
apresentam redução na comparação com o ano anterior, não se reduzem na
mesma velocidade tanto devido à manutenção dos preços dos produtos
importados (basicamente manufaturados) quanto devido à extrema
dependência que a indústria brasileira foi criando dos insumos após
décadas de câmbio valorizado e juros altos. A queda na arrecadação de
impostos é apenas um sintoma de uma economia nacional que está perdendo
espaço na concorrência internacional e na competição pelo próprio
mercado interno (que segue pulsante e crescendo com algum vigor), o que
se reflete no baixo crescimento econômico e, consequentemente, da
arrecadação pública. O desafio para os próximos anos é, sem dúvida
alguma, voltar a aproveitar esse ímpeto interno e nos reposicionar no
cenário externo, de modo a criar condições adequadas de concorrência
para nossas empresas, expandir o investimento e o emprego no Brasil,
retomando taxas de crescimento mais pujantes. |
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