11 de Abril de 2012 - 10h01
Marcos Coimbra:
A
cada vez que é publicada uma nova pesquisa sobre a popularidade do governo —
como essa recente que o Ibope desenvolveu para a CNI —, uma pergunta se
recoloca: o que será que seus adversários pensam dos números? Que explicação
terão para eles?
Realizada
entre 16 e 19 de março, trouxe resultados que devem ter aumentado sua
perplexidade. No fim de um trimestre marcado por notícias de baixo crescimento
econômico e sem que tivessem cessado as denúncias de irregularidades na
administração, Dilma cresceu.
Entre
dezembro e março, a aprovação da presidente subiu 5 pontos percentuais e foi a
77%, o que fez com que ela voltasse a superar seus próprios recordes de
popularidade — considerando a altura em que está do mandato. Nem Lula chegou a
isso aos 15 meses.
Perguntados
sobre como avaliavam o governo, 56% disseram que o achavam “ótimo” ou “bom”.
Outros 34% se mostraram menos entusiasmados, afirmando que o viam como
“regular”. Restaram 8% contrários: 4% dizendo que era “ruim” e 4%, “péssimo”.
Entre
esses últimos deve estar a oposição parlamentar e partidária, à esquerda e à
direita. De público, suas lideranças não se perturbam quando saem pesquisas com
resultados desse tipo. As ignoram e agem como se não existissem.
Em
privado, ficam confusas. Não entendem o que está acontecendo. No máximo,
culpam-se umas às outras: é porque não demos o devido valor à “herança de
Fernando Henrique”, porque não soubemos reivindicar a paternidade do Bolsa
Família, não fomos suficientemente críticos, e por aí vai.
Também
faz parte dessa parcela a oposição social, incluídos seus núcleos mais
vociferantes e mobilizados. Normalmente, gostam de falar e expressar seus
pontos de vista na internet. Mas emudecem nessa hora.
Pelo pouco que dizem, parece que alguns desconfiam que pesquisas assim são “armações”. Que os institutos, mancomunados com o governo, inventam os resultados. Que, “na verdade”, o povo está com eles, na sua cruzada contra o lulopetismo.
Pelo pouco que dizem, parece que alguns desconfiam que pesquisas assim são “armações”. Que os institutos, mancomunados com o governo, inventam os resultados. Que, “na verdade”, o povo está com eles, na sua cruzada contra o lulopetismo.
E
existem os analistas e comentaristas da imprensa oposicionista, alguns apenas
folclóricos e outros que levam a sério seu papel. Uns e outros têm dificuldade
de compreender a aprovação do governo.
Há
os que tendem a explicá-la através da ideia de desinformação, recorrendo — de
forma explícita ou nas entrelinhas — à suposição de que a avaliação positiva
decorre da ignorância da população. Como não gostam do governo e se acham muito
bem informados, deduzem que todos seriam igualmente hostis se tivessem
informação.
O
problema da hipótese é que ela não explica porque Dilma é mais aprovada que,
por exemplo, Fernando Henrique em 1996, no apogeu do Plano Real. A menos que
acreditássemos que a ignorância e a desinformação cresceram de lá para cá, o
que seria uma tolice.
Há
os que usam o argumento do bolso cheio, acreditando que os pobres pensam com a
barriga (enquanto os bacanas com o intelecto). Mas o que teria ocorrido de
dezembro para cá? Enriqueceram? A cesta de consumo barateou? Se a causa da
popularidade é o dinheiro no bolso, como entender que tenha aumentado em um
trimestre nebuloso?
E
é possível que haja alguns que, secretamente, tenham outro convencimento.
Semelhante ao de Simão Bacamarte a respeito de seus concidadãos da Itaguaí de
Machado de Assis.
Se os Bacamartes modernos estão certos e se suas convicções são inquestionáveis, resta apenas uma explicação para que exista quem deles discorde: só podem ser loucos.
Se os Bacamartes modernos estão certos e se suas convicções são inquestionáveis, resta apenas uma explicação para que exista quem deles discorde: só podem ser loucos.
Que
não suceda a nossos comentaristas o que terminou acontecendo ao alienista:
quando se deu conta de que o errado era ele, foi se trancafiar no asilo de onde
libertou os que achava desequilibrados.
Marcos Coimbra é diretor do Instituto Vox Populi.
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