MARINA DIAS
DE SÃO PAULO
DE SÃO PAULO
06/02/2014 03h44
O advogado Celso Antônio Bandeira de Mello classificou como "escandalosas" as declarações do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes sobre possível lavagem de dinheiro nas doações feitas a petistas condenados pelo mensalão.
Professor da PUC-SP e amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o jurista disse à Folha que Mendes "faz acusações sem provas". "Ele irroga a terceiros a prática de um crime sem indícios e isso, vindo de um ministro da Suprema Corte, é escandaloso".
Bandeira de Mello também é amigo do ex-presidente do PT José Genoino e foi uma das 2.620 pessoas que doaram ao petista para ajudá-lo a pagar a multa de R$ 667,5 mil imposta pela Justiça.
A doação de Bandeira de Mello foi no valor de R$ 10 mil, quantia acordada entre outros advogados que participaram da campanha.
"Como doador, me senti ofendido, porque Gilmar Mendes lançou publicamente uma suspeita sem provas e fui atingido por ela. Estou chocado", afirmou o jurista.
O ministro do STF disse que achava "muito esquisito" o fato de Genoino e de o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares terem arrecadado, juntos, cerca de R$ 1,7 milhão com "grande facilidade".
Para ele, o sistema de doações deveria ser investigado pelo Ministério Público.
Os dois petistas promoveram campanhas de arrecadação em sites na internet que devem ser repetidas com o ex-ministro José Dirceu e o deputado João Paulo Cunha.
FALTA DE LÓGICA
Bandeira de Mello disse ainda que "não vê lógica" na tese sobre lavagem de dinheiro. "O montante é grande porque as pessoas que doaram consideraram o julgamento do mensalão injusto".
O jurista afirmou que pretende doar para Dirceu e que só não doou para Delúbio porque "não era muito próximo" do ex-tesoureiro do PT.
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