Fundação Perseu Abramo
Ano 3 - nº 156 - 27 de abril de 2015
Texto para discussão do Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (Ipea) avalia em que medida a educação pode ser considerada um dos
principais determinantes dos rendimentos do trabalho no Brasil.
Utilizando dados do Censo Demográfico de 2010, o estudo analisa
características dos trabalhadores adultos com idades entre 25 e 64 anos com
rendimentos positivos, e mostra que, se o trabalhador brasileiro típico tem
níveis educacionais baixos (mais da metade da força de trabalho adulta sequer
possui educação secundária completa e apenas um sexto tem diploma
universitário), entre os trabalhadores 1% mais ricos do país, os níveis de
escolaridade são elevados.
O estudo mostra que altos níveis de escolaridade e formação
em áreas específicas (como medicina, direito, engenharias) aumentam as chances
de um trabalhador pertencer ao 1% mais rico, mas também demonstra que a
educação não é um dos principais fatores que explicam a riqueza no Brasil: as
estimações dos pesquisadores mostram que grande parte dos pertencentes ao 1%
mais rico da população seria rica mesmo sem a contribuição líquida estimada da
educação, devido a, por exemplo, fatores como laços familiares e sociais,
probabilidade de as famílias assumirem mais riscos na manutenção dos filhos
etc. Portanto, segundo o estudo, não se deve assumir que os ricos são ricos
predominantemente por serem mais educados, pois existem outros fatores, mais
importantes, que explicam essa desigualdade.
Assim, se parte importante da desigualdade entre o 1% mais
rico e o total da população não parece ser reduzida por políticas educacionais,
como mostra o estudo, impõem-se outros desafios em termos de políticas
públicas.
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