Prestação de contas sigilosa enviada pelo Partido dos Trabalhadores ao Tribunal Superior Eleitoral foi vazada para o jornal Estado de S. Paulo, para sustentar a tese de que a legenda bancou a defesa de réus da Ação Penal 470; ao mesmo jornal, o ministro Marco Aurélio Mello, que deixa a presidência do TSE, afirma que o PT pode ser excluído do fundo partidário por sua "improbidade manifesta"; tesoureiro do PT, João Vaccari, nega o uso do fundo partidário na Ação Penal 470, mas Mello parece mais disposto a falar do que a querer ouvi-lo; seu último compromisso no cargo foi um almoço na Folha de S. Paulo.
247 - Fato ou factoide? Em sua edição de ontem, o jornal Estado de S. Paulo noticia que o Partido dos Trabalhadores bancou, com recursos do fundo partidário, a defesa de alguns dos réus da Ação Penal 470. A denúncia está ancorada em informações sigilosas, que foram encaminhadas pelo PT ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), sobre suas despesas. O sigilo foi quebrado e, na mesma reportagem, o então presidente do TSE, Marco Aurélio Mello, que deixa hoje o cargo, fala em "distorções".
No entanto, a despeito da quebra do sigilo da prestação de contas, não há ali nomes dos advogados – todos eles, notórios – que atuaram na Ação Penal 470, como José Luiz de Oliveira Lima, Arnaldo Malheiros e Alberto Toron. Apenas alguns escritórios que, há muitos anos, prestam serviços, em várias áreas para o PT. Por isso mesmo, em entrevista ao 247, o tesoureiro do PT, João Vaccari, reagiu com indignação à denúncia do Estado, chancelada pelo ministro Marco Aurélio Mello. "Mentira deslavada", disse ele. "O PT não pagou nenhuma defesa de nenhum réu da Ação Penal 470" (leia mais aqui).
A manchete desta terça do jornal, entretanto, retoma o tema. E quem fala? O ministro Marco Aurélio Mello, que afirma que o PT pode ser excluído dos repasses do fundo partidário em razão de sua "improbidade manifesta".
Mello se mostrou mais preocupado em falar ao Estado do que em ouvir o tesoureiro do PT. Preferiu condenar, no último dia de sua gestão, o partido, negando-lhe a oportunidade de defesa. Assim, não é de estranhar que seu último compromisso no cargo tenha sido uma visita à direção da Folha de S. Paulo, conforme foi noticiado pela coluna Painel:
Visitas à Folha Marco Aurélio Mello, presidente do Tribunal Superior Eleitoral e ministro do Supremo Tribunal Federal, visitou ontem a Folha, a convite do jornal, onde foi recebido em almoço. Estava acompanhado de Edevaldo Alves da Silva, fundador das Faculdades Metropolitanas Unidas, e de Kátia Cubel, assessora de imprensa.
Nesta terça, Marco Aurélio Mello será substituído na presidência do TSE pelo ministro Dias Toffoli. Poderia ter terminado bem sua passagem, mas preferiu coroar o último dia de gestão com um factoide que reforça a percepção dos que enxergam uma conspiração jurídico-midiática contra o PT.
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